Acabo de ver meu último post neste espaço e me ponho um pouco decepcionado por não ter feito nenhuma atualização desde a do meu último aniversário. Confesso que não foram momentos fáceis para mim estes últimos meses. Tive um processo pessoal bastante intenso e importante, mas que agora alimentam minha inspiração para retomar e escrever algumas palavras.
Não quero fazer um relato detalhado do que aconteceu comigo neste período, mas ressalto que nos últimos meses tive experiências tão boas que me fizeram esquecer o lado ruim que às vezes me afligia. Fiz algumas viagens de bicicleta, ajudei a organizar o Festival de Cultura (http://cc.nosdarede.org.br e http://festivaldecultura.art.br) e remexi uma montanha de papel na prestação de contas do Pontão de Cultura Kuai Tema.
La poderosa I
Tentei viajar até Cananeia de bike sozinho em novembro (veja o relato em http://festivaldecultura.art.br/noticias/rotas-encontros-e-perspectivas/), e não consegui . Em compensação, eu e meu companheiro Érico chegamos até Paraty no Rio de Janeiro durante o recesso de ano novo. Posso dizer que essas duas viagens transformaram muito a minha visão que eu tinha sobre política cultural e, principalmente, de cultura popular. Tive o prazer de encontrar grandes mestres no caminho que me fizeram refletir sobre questões que antes eu tinha como dadas. Mas de fato, meu olhar ficou mais apurado para ler essas situações e agora com a ajuda da amiga Lia Marchi da Olaria Cultura (http://www.olariacultural.com.br) estou desenvolvendo minha percepção através de um estudo mais aprofundado do que é fazer cultura no Brasil.
Nadando ou pedalando?
Aprendi a gostar e me interessar pela cultura popular através de amigos e amigas que conheci nas rodas de conversa sobre cultura. Li algumas coisas, assisti o documentário Divino, também da Lia e conheci algumas pessoas que me fizeram despertar para estas questões. Em janeiro de 2009, participei de uma folia de reis, comandada por seu Inácio (mestre folião de reis do bairro São Braz) na casa de minha também grande amiga Rejane Nóbrega. Numa festa linda, peguei-me envolvido por tudo aquilo e, mesmo não sendo devoto, integrei-me a aquele festejo como se o fosse.
Infelizmente por conta de outras atividades, não pude estudar mais sobre o assunto em 2009, mas acho que em 2010 poderei avançar nestes estudos. Ainda mais porque em minha viagem para Paraty, conheci uma porção de mestres fandangueiros carregados de histórias e experiências que alimentaram ainda mais essa minha vontade. <!– @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } –> Seu Alcides e seu Luiz Squinini no Superagui, Isidoro Neves na Ilha do Cardoso, seu Janjão (João da Toca) em Cananeia, Mário Luis de Oliveira (o Marinho) em Ubatuba, seu Ditinho Cirandeiro e Luiz Perequê em Paraty são os mestres com os quais tive contato e pude parar para ter uma boa roda de prosa. Ensinaram-me muito, especialmente o Luiz Perequê, que tem uma visão sobre o fazer cultural que nunca percebi em ninguém, nem mesmo em renomados gestores públicos de cultura, e que me fez rever muitos dos meus conceitos que já tinha como consolidados dentro de mim. Por ele, uma carinho especial além de ser um apreciador de sua obra.
Paraty, para quem?
Emprestei alguns livros e vou estudar muito para tentar entender melhor o que foi essa vivência. Talvez escreva alguma coisa aqui quando tiver alguma ideia que valha a pena escrever. Por enquanto, só posso dizer que a viagem de bicicleta realmente é transformadora para qualquer ser humano. Num dos momentos mais especiais da viagem, seguindo a dica de um companheiro que encontramos na praia deserta de Superagui que pedalou 300km com a gente, o Michel, desviamos nosso caminho da estrada Rio-Santos para entrarmos no Santuário das Cotias, uma reserva ecológica que daria direto na cidade de Ubatuba-SP. Na entrada da pequena estrada, um grupo de senhoras esperava algo ou alguém e serviram de guia de informações turísticas pra gente:
– Essa estrada vai dar em Ubatuba? Perguntei.
– Sim, tem um descidão aqui e depois atravessa a floresta e chega no trevo de Ubatuba. Respondeu uma delas.
– É muito longe, tem muita subida? Repliquei.
– Tem um subidão lá no final, mas não é muito longe não.
Nesta hora, o Érico que gostava de reforçar para as pessoas que estávamos vindo desde Curitiba de bicicleta, interveio:
– A senhora sabia que estamos vindo desde Curitiba de bicicleta?
A senhora não dando muita bola, talvez por não ter entendido de imediato soltou um breve Ah! A senhora que estava ao lado dela perguntou:
– Vocês tão vindo desde Curitiba é? Curitiba no Paraná? Com a nossa confirmação, espantada olhou para lado e falou para amiga.
– Viu só nega, essa é a solução para a gente conhecer o mundo!
Este diálogo vai ficar marcado na minha memória por um bom tempo. É, acho que a bicicleta é a solução para que todos e todas possam conhecer o mundo. O mundo através de um outro olhar.
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Quadro de distâncias
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A infinita praia deserta
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La poderosa I
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Barra do rio Ribeira – Final do vale do Ribeira
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Nadando ou pedalando?
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Por do sol no parque do Guarurú / Guarujá/SP
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A temida serra do boiçucanga
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Praia do Mocóca – Caraguatatuba/SP
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Paraty, para quem?
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Contemplação