O nascer do sol

Ontem vi o sol nascer da beira da praia. É impressionante a magnitude deste ato, mesmo que muitos não dêem a mínima para a renovação da vida frente a morte, o triunfo da luz sobre as trevas.

Este fato ocorre todos os dias, mas são em ocasiões especiais que você repara nisso e imagina. Nós, seres deste planeta formado há mais ou menos 4,6 bilhões de anos e que nós só viemos a aparecer há pouco mais de 10.000 anos devemos graças a esta luz que leva 8 minutos para chegar até aqui e alimentar toda a base de energia de nossos ecosistemas.

Mas esta mesma luz que nutre e  dá vida também poderá ser a que irá nos matar. Não por ação direta desta, mas sim, da consequência do desequilíbrio reinante em que o dinheiro sobrepõe a vida. Estes desequilíbrios iria ocorrer mais cedo ou mais tarde, faz parte de nosso destino geológico, mas é claro que estamos acelerando o processo milhares de vezes. A emissão de gases poluentes para transformação de energia para todas as formas está esquentando o planeta devido ao já tão conhecido efeito estufa. E todas as condições que nos foram dadas para sobreviver por aqui, inclusive a temperatura ideal, está sendo deslocada para índices que tornaram não segura nossa vida neste planeta.

Enquanto isso, vendo o nascer do sol, fico extasiado em sentir sua luz e sua beleza. Só me resta admirá-lo e lutar para outros seres deste planeta também percebam a importância de nos integrarmos como parte e não como donos do complexo sistema intergalático.

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Tarabuco, 05 de agosto de 2006.

Que lástima. Eis que pela primeira vez na viagem passo mal do estomago. Meu conforto foi chegar a esta cidade tranquila e ser contagiado pelo tempo mais lento e pela paz que ronda esse povoado.

Essa paz acho que me fez bem, pois após tomar um mate de coca, melhorei muito. Agora esperamos um caminhao que nos levará até Sucre, onde daqui uma hora comecará a Assembléia Constituinte.
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Ainda mais, é engracado como Sucre se transformou para receber esse evento histórico para o povo boliviano. Todas as ruas estao impecáveis e as estatuas dos parques muito bem lavadas. Nao quero fazer comparacoes, nao conheci Sucre antes desse evento, mas nao é difícil inferir que isso acontece poucas vezes na rotina dessa cidade.

Para completar o cenário, gente de todas as partes da Bolívia e do mundo chegaram para acompanhar a constituinte. É muito empogante ver a expectativa dessa gente que lutou e luta por isso desde 2000, quando comecaram as grandes mobilizacoes pela água, em Cochabamba, e logo em 2003 as lutas contra taxas abusivas nos salários e contra a matriz de comercializacao do gás, estas últimas em La Paz e principalmente em El Alto (regiao metropolitana).

Pela primeira vez em 80 anos passa uma coisa como essa aqui e, algumas vezes  mesmo sem saber do que se trata, o poco recebe esse fato de bracos abertos e luta por ele. Um exemplo dessa efervezência vi na praca Sao Francisco, em La Paz, onde dezenas de pessoas se juntavam para debater exclusivamente o país e a Assembléia Constituinte.

Desejo a Bolívia, que a tenho como segunda casa, que todas as mudancas que estao surgindo sejam para melhoria da vida de todos, sem que para isso tenha que vender a alma de seu povo por meia dúzia de dólares.

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Coroico, 31 de julho de 2006.

Sei que faz tempo que nao atualizo meu diário, mas quero aproveitar esse espaco para desejar um FELIZ ANIVERSÁRIO A MEU PAI QUE TANTO AMO! Infelizmente nao tenho uma foto com ele aqui, mas quero dizer que agradeco muito toda a forca que vc sempre me dá e se hoje estou aqui é gracas a voces e toda a minha família, minha mae e meu irmao.

Um abraco muito forte!

Marco.

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Ilha do Sol, 24 de julho de 2006.

Sentado a margem desse lago, sinto-me o menor homem do mundo. Embaixo dessa água onde a Pachamama escondeu as maiores riquezas para quando houver paz na Terra, busco no seu banho a purificaçao de meu espírito e dos meus objetivos como ser do mundo.
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Aqui, se por uma ocasiao do destino, poderia ser um imenso deserto, nunca vi tanta vida florescendo. Até sua água hemos de beber. Imenso mar de água doce. Lago sagrado Titicaca, que seja mil vezes louvado, para que continue para sempre sendo sagrado, intocado, preservado.

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Copacabana, 22 de julho de 2006.

Tenho uma coleçao de sentimentos e nao sei como começar. Acabo de acordar, sem altos desejos por realizar. Por enquanto, estou sendo apenas um cidadao do mundo e a ele quero estar integrado da mesma forma que um peixe no lago, que um cachorro no mato, que uma ave nos céus.

Há dois dias fomos visitar as minas de Potosí. Ao subirmos aos 4350m acima do nível do mar, nossa respiraçao já nao era a mesma, da mesma forma que o cierro de prata nao era. Desde a chegada dos espanhóis, ele se reduziu de 5200m para 4800m, culpa da exploraçao de prata e outros minerais.
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Renán, nosso guia pela visita às minas, nos explicou toda a história da exploraçao mineral, assim como Eduardo Galeano conta em seu livro “As Veias Abertas da América Latina”. Nos tempos modernos a exploraçao do trabalhador nao é diferente. Hoje eles se constituem em sua maioria em cooperativas. O que nao se conta, é que os próprios cooperados sao responsáveis pela exploraçao daqueles que nao tiveram a mesma sorte em associar-se a uma das cooperativas. Os explorados, ao contrário dos cooperados, nao possuem seguro de acidentes de trabalho, a saúde pública, tampouco a qualquer direito trabalhista. Estes explorados, também nao sao selecionados conforme sua condiçao. Contanto que nao sejam mulheres, pode-se começar a trabalhar desde os seus 10 anos de idade.

Para que serve a cooperativa entao? Talvez para criar a ilusao na cabeça dos trabalhadores que eles podem morrer por aquilo que é deles. Mas o que ninguem comenta, é que ao ingressarem na mina eles já estao mortos: a curto prazo, pelo derrumbe de paredes sobre seus corpos. A longo prazo (nao tao longo diga-se de passagem), em média 30 anos, por efizema pulmonar pela concentraçao do pó de chumbo em seus alvéolos pulmonares.

Nós descemos até muito embaixo da mina e comprovamos. Minha respiraçao tornou-se mais pesada e se eu fosse claustrofóbico, com certeza teria tido um ataque de desespero por estar naquela escuridao com tao pouco ar, com tao pouco espaço. Para suportar essa situaçao, somente com a boca cheia de folhas de coca.

Descemos muitos metros abaixo da montanha e lá, Renán nos apresentou ao “Tios” que é o Deus protetor dos mineiros. Este santo foi criado para amedrontar os indígenas na época colonial e fazê-los trabalhar sem titubear, quando tinham que passar 6 meses inteiros sobre aquelas condiçoes desumanas. Hoje o Tio nao amedronta ninguém, pelo contrário, server como protetor e garante uma boa extraçao de minerais aos trabalhadores.

Nesta caminhada, continuo me surpreendendo o quao próximas estao os cultos católicos dos cultos dos povos originários. Aliás, ontem tive uma experiência tao emocionante que com certeza demorarei um pouco a entendê-la.

No meio da tarde, resolvemos subir o morro que dá de frente para ilha do sol para apreciarmos a vista. No meio da caminhada, tive como se fosse uma mensagem em minha cabeça dizendo que eu deveria tirar os sapatos. O fiz, mesmo quando os companheiros me disseram que eu estava louco.

A subida foi árdua, e quando chegamos na metade do caminho encontramos um caminho de pedra com cruzes ao lado representando o calvário de Cristo. Concluímos a subida e ao chegarmos lá em cima, um grupo de locais estava tendo o maior trabalho em carregar um pedra enorme. Ao nos pedirem ajuda, prontamente atendemos e num esquema de revesamento para carregar aquela pedra de pelo menos 500kg, colocamos ela atrás do Cristo Redentor que lá estava.

Nao entendíamos muito bem a funçao de todo aquele trabalho e ficamos curiosos olhando enquanto eles trabalhavam. Afastei-me um pouco para apreciar a paisagem e quando voltei, Guti tinha a reposta. Eles estavam construíndo um altar para Maurício, figura representada por uma estátua de um sapo, animal sagrado para os aymaras.

Ao concluirem os trabalhos, Guti e eu fomos surpreendidos ao sermos convidados para sermos padrinhos de Maurício. A nós, coube a tarefa de decorá-lo com fitas coloridas e confetes. Ao final, jogamos uma rajada de cerveja sobre ele para celebrá-lo. Também recebemos uma chuva de confetes sobre nossas cabeças como gratidao pelo feito.

Enquanto ainda estava bobo por estar participando daquilo e sentindo uma energia que poucas vezes sentira, fomos convidados a participar de uma roda de charla com todos que ajudaram a conceber Maurício. Tomamos cerveja e mascamos muita folha de coca. A mesma que ajuda os trabalhadores mineiros a suportarem suas condiçoes desumanas de trabalho, aqui foi usada como forma de celebraçao e expansao de nossa consciência.

Enquanto mascávamos a folha de coca, desenvolvia-se um assunto que nos deixou  muito apreensivos. A prefeitura da cidade quer retirá-los dali e exigir que os cultos sejam feitos em outras montanhas que nao fossem visitadas pelos turistas. Ou seja, o fator econômico sobrepujando os valores culturais milenares.

Terminei esse dia com muitas reflexoes em minha cabeça. Hoje visitaremos as pessoas que conhecemos ontem. Acredito que uma parte de nosso documentário poderá ser desenvolvido com eles.

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Potosí, 19 de julho de 2006.

Finalmente chegamos a capital da prata. Depois de uma exaustiva viagem num ônibus apertadíssimo. Meu sentimento é de estar no berço da civilízação americana como ela se constituí modernamente. Não é um sentimento de orgulho por isso, pelo contrário, ésta que já foi a maior cidade do mundo, hoje respira a poeira da exploração e da miséria.

Mas ainda há pouco por falar de Potosí. Chegamos hoje de madrugada e só demos uma volta a pé pelo centro da cidade. De ontem sim tenho que falar muito.

Visitamos o salar do Uyuni, o maior salar da terra. Ele foi formado junto com a cordilheira dos Andes, na qual uma lagoa marítima se formou no altiplano que depois de anos evaporou e só deixou somente o deserto de sal, admirado por muitos.

Saímos por volta das 11h e conhecemos as principais atrações, guiados por um funcionário de uma agência turísitica que contratamos. Aliás, esse é minha única queixa desse dia. Devido a nossa limitação de tempo, tínhamos que programar muito bem nosso dia e isso não nos permitiu descobrir um meio alternativo para conhecer o salar.

Mas enfim, neste dia tive um contato com a natureza diferenet de tudo que já senti antes. Nunca havi estado em um deserto, e isso me fez perceber um sentimento do nado contido em tudo. O deserto possuí um bioma muito reduzido se comparado com a floresta amazônica, por exemplo. Contudo, estes dois ambientes coexistem, se equilibram e se regulam. Por isso, acho extremamente arrogante por parte do ser humano querer impor através de seu conhecimento científico hegemônico o controle destes biomas como forma de melhorar a vida na Terra.

A vida só existe na relação harmônica dos seres com a mãe Terra. Não quero dessa forma dizer que a sociedade ocidental está na contra mão da história. Aliás, esta é uma das perguntas que me faço quando penso no desenvolvimento de uma país tão pobre como a Bolívia. A população boliviana, ao mesmo tempo que é pobre (recursos econômicos), também mantém uma relação com a Terra muito forte, tirando dela todo o sustento para suas bocas. Como seria o desenvolvimento deste país, sem perder esta raíz tão forte para o povo originário daqui? Não quero descobrir essa resposta agora. Apenas quero contemplar na memória o que foi meu contato com a natureza na imensidão do deserto de sal.

CONTINUAÇÃO, AINDA NO MESMO DIA

Resolvi não esperar até amanhã para escrever estas palavras.

Nossa tarde em Potosí foi muito especial. Visitamos o museu “Santa Tereza” da ordem das freiras carmelitas enclausuradas. Este museu até há alguns anos atrás era um convento de freiras que faziam voto de clausura, ou seja, que não tinham nenhum contato com o mundo exterior. Ele foi criado em 1642 pela Madre Santa Tereza de Lima e era habitado sob regime rídigo de clausura até 1967. Lá, a segunda filha dos nobres era posta aos seus 15 anos, condicionado ao pagamento de um dote de 2000 moedas de ouro (mais ou menos 100.000 doláres hoje). Ao entrarem, nunca mais tinham contato com o mundo exterior.

Algumas madres tinham o privilégio de falar com pessoas de fora, mas essa ferramenta era utilizada tão somente para comercializar seus dices e produtos artesanais com o mundo de fora. Isso era feito através de uma câmara giratória, onde o interessado punha o dinheiro e a madre girava para recolhê-lo e por o produto de interesse.

O que mais me chamou a atenção, no entanto, foram as artes sacras expostas pelas salas do convento. A maioria delas feitas por indígenas anônimos. Estes, colocavam toda sua carga étnica no desenvolvimento de suas obras. Percebe-se, por exemplo, ao se retratar Jesus Cristo, que ele é desenhado com a mesma forma de sofrimento que os povos originários desta terra tiveram com a chegada dos espanhóis. Também achei muito interessante que no desenho de algumas coroas, há a influência de veneração ao Sol, a Lua e a Terra. Consequência também da influência indígena.

Ao final da visita ainda tivemos uma entrevista magnifícia com a curadora do museu que nos falou muito sobre Potosí e que chegou a me emocionar quando falava sobre o trabalho degradante nas minas da cidade.

Disso tudo, a única coisa que me deixou triste, foi Guti não poder ter ido. Ele ficou de cama hoje com um pouco de dor de cabeça. Felizmente, até o momento da transcrição deste diário ele já está melhor e amanhã visitaremos as minas do cierro rico.

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Uyuni, 18 de julho de 2006.

Viajamos de Salta até aqui. Ao todo, mais de 1500km percorridos em 24h mais ou menos. Saímos de Salta com destino a La Quiaca, em ônibus, pois agora estamos buscando otimizar nosso tempo para chegarmos a na data a La Paz para o documentário.

Mesmo sendo feito de forma muito rápida, esse trecho da viagem foi fantástico. Chegamos a fronteira Argentina-Bolívia e a paisagem desértica pitoresca já aparecia no horizonte. Estávamos de volta a Bolívia, e meu sentimento foi como de um filho de volta pra casa.

Minha identificação com a Bolívia não é de hoje. Não sei se por se o primeiro país que conheci, mas me sinto muito bem aqui sempre.

Villazon é o nome da cidade boliviana de fronteira e de lá tomamos um trem até aqui, Uyuni. Esta viagem foi um caso a parte, pois já no momento de conseguirmos os boletos já foi um problema. Não havia mais vagas no trem e só sete iriam conseguir embarcar. Como no tercho até La Quiaca nos juntamos a outro grupo de brasileiros, as sete passagens não seria suficientes para os 11 de nosso grupo. No final das contas, conversamos com el conductor e tudo certo.

Ficamos na classe popular, junto com a população boliviana que atravessava o país em busca de trabalho ou de suas famílias. Sem dúvida foi uma experiência fantástica. Tão fantástica que não consigo descrevê-la em palavras nesse diário. Mas, como falei quando comecei a escrever, aqui me sinto em casa.

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Hipocrisia ou instrumento de manobra

inchamierda.jpgComo a Coca-cola é boazinha. Ao chegarmos aqui logo depois de uma copa do mundo, olha quem encontramos e que também estava torçendo pela Argentina, a nossa maravilhosa e saciadora de nossas sedes, a Coca-cola. Mais do que hipocrisia barata a coca-cola usa seu poder massificante para manipular todos os tipos de anseios, até mesmo uma paixao nacional que é o futebol na Argentina, e no Brasil também. Quem nao lembra que está mesma campanha foi utilizada no Brasil durante a copa e, só Deus sabe (ou seja, a coca também) em quantos países essa mesma campanha foi veiculada.

Fica o meu alerta a todos. Cuidado com as grandes coorporaçoes. Nao sejamos burros de nos deixar manipular por estas grandes empresas que investem milhoes para pesquisar como te tornar um zumbi do consumo. O consumo em nossa sociedade moderna é necessário, pois vivemos num sistema em que a base sao as relaçoes de consumo. Contudo, sejamos conscientes a tal ponto que possamos deeterminar quando estamos consumindo e quando estamos vivendo uma doce ilusao, uma peça que campanhas de marketing bem boladas que tornam seu aparato cerebral ultra desenvolvido em uma caixinha burra de sensaçoes. Oh minha própria próstrata inerbe!

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Tucumán, 15 de julho de 2006.

Depois de uma noite exaustiva, chegamos a Tucumán. Ontem saímos de Córdoba e fomos até Jesus Maria onde encontramos um posto da YPF no qual paravam muitos veículos. Esperamos pouco para conseguir as caronas e o mais incrível que elas foram conseguidas a noite (coisa meio impossível que aconteça no Brasil por exemplo).

Guti foi o primeiro a embarcar, por uma questao de contingência, nao de opçao. Um senhor que viajava com sua mulher viu nossa placa indicando Salta como destino e nos ofereceu a carona. Contudo, como só eu e Guti estávamos no posto no momento, decidimos que um ficaria com as mochilas e um iria aproveitar a oportunidade. Santiago del Estero foi seu destino.
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A nossa carona nao demorou muito também. Mais ou menos às 23h30 o senhor Mariano ofereceu nos trazer até aqui, um senhor de poucas palavras, e as poucas que dizia eram incompreensíveis. Mariano nos levou (os 4 restantes) na caçamba de seu caminhao, oito horas por la ruta 137. Tirando buracos e balanços inconvenientes ao nosso sono, foi uma viagem tranquila e finalmente pude compreender o significado da palavra coche-cama.. 😛

Percorremos até agora 1200km só em caronas pela Argentina. Isso me faz refletir a relaçao do homem com o caminhar sobre o planeta Terra. No mundo moderno sao impostas inúmeras barreiras para que as pessoas se locomovam, desde preços de transporte até limites fronteiriços restritivos, criados a partir da lógica proibitiva como uma forma de moldar a sociedade para que ela faça tudo como lhe é dito sem nenhum tipo de contestaçao. Um exemplo sao as proibiçoes por parte das empresas de transporte impoem a seus motoristas para que nao dêem carona. Isso é acreditar que somos incapazes de gerir nossas próprias relaçoes pessoais e transferir essa responsabilidade a uma instituiçao maior que na verdade nao corresponde ao anseio coletivo, se nao somente a uma regulaçao mercadológica. Esse teatro todo, é auxiliado pelas mídias massificantes que ditam a todos que viver é perigoso, e que relacionar-se com outras pessoas, seja no momento em que for (a carona é uma em um milhao) é altamente perigoso e deve ser friamente calculado.

Cabe a nós quebrarmos esse paradigma e dar um voto de confiaça a nós mesmos, a nossos coraçoes. Abstrair parte deste mundo que construíram para nós e passarmos de coadjuvantes a atores de nossa própria história. Tao e somente assim posso acreditar que uma nova onde história pode surgir e que finalmente possamos criar novos meios de as pessoas se relacionarem-se com a Terra e consigo mesmos de maneira menos materialista e mais pessoal.

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Córdoba (Altagracia), 14 de julho de 2006.

Estou aqui nesse ônibus em direçao a Jesus Maria onde iremos tentar uma carona. Já sao 17h30 e estamos cometendo um grande erro saindo esse horário. Contudo, acredito que esse dia perdido foi compensado pela ótima noite de ontem.

No dia anterior Guti e eu acordamos logo cedo para verificar a informaçao sobre os trens cargueiros que iam ao norte. Na estaçao, conhecemos Nelson Medel, chefe da estaçao de Córdoba. Ele nos contou um pouco sobre a história da ferrovia, o desmonte feito pelo militares em 75 e as privatizaçoes em 92. Mesmo com uma situaçao um pouco melhor que no Brasil, a Argentina também sofre as consequencias do jogo de interesses com a malha ferroviária, sendo utilizada para fins de exploraçao inconsequente ao invés de estar a serviço do transporte da gente e das riquezas do país.
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Ao voltarmos para o Hostel, partimos na sequência para Altagracia, onde esperávamos visitar o museu Che Guevara. Infelizmente chegamos tarde e o museu já estava fechado. Contudo, a curadora nos deu a dica de uma casa ao lado que também era um café e lá conhecemos Norma, Hector e Jofi, pessoas que nos ensinaram muito em todos os aspectos e nos mostrou quando o ideal de Che ainda está vivo.

Norma é sindicalista cubana e Hector poeta argentino. Os dois formam um casal tao harmônico que por um pequeno momento saudável, senti inveja deles.

Ao voltarmso para Córdoba, ainda tivemos o prazer de conhecer Cintia e Adriana, estudantes de terapia ocupacional. Elas também tem alguns projetos sociais muito interessantes, como uso o da Murga (dança típica argentina) para educaçao infantil.

Hoje, provavelmente acamparemos na estrada, falha nossa. Só espero que por isso nao percamos mais tempo para chegar a La Paz.

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