Córdoba, 12 de julho de 2006.

Missao cumprida. Após um dia exaustivo finalmente chegamos a Córdoba. E o melhor, todo juntos. Após nossa separacao hoje pela manha, achei de só iríamos nos reencontrar em algum lugar remoto da Bolívia. Estávamos preparados, mas felizmente nao foi necessário.
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Deixamos Buenos Aires às 5h00 com destino a Zárate, cidade satélite da capital, na qual, em seu trecho na ruta 9, tem um pedáegio em que tentaríamos a carona. E assim foi feito, dividimos os grupos pelas barracas. Érico ia sozinho enquanto Guti ia com Diego e eu iria com Nicolau.

Eu e Nicolau fomos um pouco a frente do pedágio e em nossas tentativas acabamos nao conseguindo carona até Córdoba, mas até Rosário. O nome de nosso anjo desta vez era Gustavo que nos recolheu às 11h00 em Zárate e nos deixou às 13h00 em Rosário (pedágio). Vim dormindo durante a viagem, Nicolau foi o interlocutor daquele que nos levava mais adiante em nossa caminhada.

Depois dessa carona, tomamos mais um chá de espera e só às 17h00 é que fomos felizes em receber a ajuda de Juan, um caminhoneiro que nos deu carona até Villa Maria, há 100km de Córdoba.
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Juan tem uma grande história. Aos 23 anos já está casado e sua esposa está grávida. Com ele aprendi muito o que é valorizar a vida e de ser um guerreiro acima de tudo. Tomamos mate boa parte da viagem.

Agora finalmente estamos em Córdoba, e aqui pudemos encontrar o restante dos companheiros, todos fizeram ótima viagem. Amanha iremos decidir nosso rumo. Quem sabe uma viagem de trem cargueiro até a Bolívia.

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Suarez, 11 de julho de 2006.

Voltamos a estrada, mesmo com o sentimento que Buenos Aires foi ótima e que (como poucas vezes nas viagens) nao queria deixá-la. Penso em morar um dia por aqui. Por enquanto, reúno todas as minhas forças para voltar a estrada e, desta vez, mais do que nunca, lutar por um transporte até o norte.

Nos vamos hacia el norte e o sonho chileno fica para quando tivermos mais preparo para conhecer um dois países mais distoantes da América Latina.
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Nossa passagem por Buenos Aires foi mais que especial. As pessoas que conhecemos nos ensiram muito nestes cinco dias. Já posso sentir saudades destes momentos. Ontem conversamos muito com Brisa, que nos passou todos as dicas para pegarmos carona. Aliás, neste momentos estamos enfrentando 1h50 de trem até o pedágio para saída até Córdoba. Nosso objetivo agora é o norte argentino.

O que mais está me deixando preocupado é ter que me separar do resto dos companheiros. Nicolau será meu parceiros de viagem. Acredito que pelo menos uma semana à partir de hoje serao compartilhados com ele.

Espero que tenhamos sorte e garra para suportar esta viagem, que nao será nenhum pouco simples até nosso destino principal: Bolívia.

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Buenos Aires, 08 de julho de 2006.

Uma hora de pura concentraçao! Assim foi nossa tarde de ontem quando visitamos o hospital psiquiátrico del Borda, o hospital que fica em frente de nossa casa em BA. Acredito que como qualquer um que entre num hospital psiquiátrico pela primeira vez, fiquei com certo receio e até medo. Ao entrarmos, tivemos contatos com alguns pacientes e fomos percorrer as instalaçoes do hospital onde pretendíamos chegar até o jardim dos fundo, o qual Pablo tinha nos dito que era muito bonito.
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Ao chegarmos, vimos muito além de um jardim, um centro cultural completo onde os internos produzem peças de artes plásticas. Isso tudo está em uma casa dentro do terreno do hospital. Ao chegar a aquele ambiente fui tomado por uma energia aconchegante que me fez esquecer tudo que passava pela minha cabeça, como se entrasse num processo profundo de meditaçao. Naquele momento passei a encarar a loucura com outros olhos. Antes a tinha como uma coisa amendrontadora dentro de mim e faço a pergunta, quem nao a tem? O limiar entre loucura e razao e uma linha muito tênue e nosso modelo de sociedade ajuda a fazer com que nao se possa saltar essa linha, qualificando isso como um processo que deve ser estirpado do meio. Minha relaçao com a loucura agora mudou, e até me digo, estou consciente mais do que nunca que nossa maneira de pensar e agir nao deve estar agarrada a aquilo que dizem correto, racional ou direito. Coloquemos o mundo de pernas para o ar, reivente-mos o mundo, ele é todo nosso!

Pablo ainda nos contou que os internos do hospital criaram uma rádio comunitária, de onde transmitem uma programaçao própria e que é ouvida por muita gente em BA.

Buenos Aires me surpreende a cada dia. Ontem também fomos a Universidade de Buenos Aires a faculdade de ciências humanas onde encontramos uma galera muito legal. Discutimos de tudo: política, filosofia, mulheres, cidades e América Latina.

A faculdade é muito interessante. Toda ela parece compor, num tom uníssono, um grito político pela liberdade. Todas as paredes têm algum escrito denunciando, protestando ou mesmo informando a quem passa, reflexo da rebeldia dos jovéns porteños.

Neste conversa conhecemos um mexicano (Álvaro) e um porteño que irao na segunda para uma comunidade chamada La Rioja, no meio do deserto argentino ao norte do país. Enquanto conversávamos, fomos convencidos de que uma nova rota seria traçada. Isso sem também os conselhos de nossa amigo Pablo que nos disse que era melhor irmos direto a Bolívia, para tenhamos mais tempo para produzirmos os materiais a que nos destinamos a viajar. Agora, nosso destino passa a ser La Rioja, saindo por Córdoba em direçao a Bolívia.

Ainda ontem, fomos a uma festa de aniversário de uma amiga de Pablo. Ela é mexicana e a festa foi uma mistura de culturas. Música cubana, regada a caipirinha, tequila e fernet. Este último uma bebida comum por aqui mas que para mim no me gusto mucho, muy amarga.

Hoje vistamos a fábrica IMPA de artigos metálicos, a qual foi ocupada pelos trabalhadores depois de sua desativaçao. Hoje ela se tornou uma cooperativa com 147 trabalhadores. Ela também abriga um setor cultural, onde assistimos o ensaio do grupo de cultura Andina que Pablo participa.

Nossos dias em BA estao sendo muito bons e produtivos, mas infelizmente ou felizmente segunda seguimos viagem rumbo al norte, rumbo Bolívia!

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Buenos Aires, 07 de julho de 2006.

Chegamos em Buenos Aires no dia 06 pela manha e nao poderíamos ter sido recebidos de forma melhor. Fomos direto a casa de Pablo, nosso grande amigo de conhecemos no Fórum Social Mundial em Caracas. Realmente ele tem uma casa fantástica com arquitetura cubana, com portas e janelas altas. Nos sentimos em casa desde o primeiro momento, aliás, dicemos que a casa de Pablo é também uma república socialista para nós. Todas as pessoas que moram lá tem algo incomum que agora nao consigo descrever, mas posso afirmar que é uma casa com uma energia fabulosa.
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Estamos aproveitando Buenos Aires para conhecer um pouco da cultura porteña e tudo que ela oferece ao mundo. O tango é o principal traço cultural porteño. Inclusive, hoje visitamos o museu mundial do Tango que possuí toda a história deste rítmo tipicamente argentino.

Meu principal medo até agora era como definir nossa pesquisa e como ela seria conduzida. Finalmente encontramos um caminho chave que está sendo muito bem desenvolvido. Já temos algumas entrevistas muito interessantes, inclusive um entrevista com o senhor Joaquim, um espanho que vive em Buenos Aires desde 1953.

Esperamos sair daqui na segunda-feira rumo ao oeste, Chile!

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Paso de los Libres, 05 e julho de 2006.

Depois de quase 24h na estrada, finalmente chegamos a Uruguaiana. Pensávamos milhares de coisas e açoes que deveríamos tomar nesta cidade e mais uma vez a sorte nos sorri, como se o destino já estivesse trassado para aqueles que sao inocentes de suas pretençoes.

Ao descermos na rodoviária, fomos abordados pelo sonhor Edmundo, diretor do hospital de Uruguaiana. Ele estava esperando sua filha que chegaria de POA em instantes.

O sr. Edmundo foi extremamente atencioso conosco, oferencedo, inclusive, pouso no hospital para seguirmos viagem no dia seguinte. Como tínhamos certa pressa, resolvemos partir para fronteira, e o senhor Edmundo fez questao de pagar o taxi até a rodoviária de Paso de los Libres, onde conseguiríamos transporte até Buenos Aires.

Agora saindo de Paso de los Libres, sinto que todo sentimento de tensao do início da viagem fica para trás. Amanha, acordaremos na capital Argentina.

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Curitiba, 04 de julho de 2006.

É irônico, mas estou aqui saindo para mais uma viagem Soylocoporti. Irônico, pois nessa viagem cheguei a pensar que nao iria, mas mais uma vez a estrada me cham, como uma manada de búfalos chama uma bando de leoes famintos.

Nosso destino? Incerto até agora,afinal a viagem se constrói por cada passo que damos. Mas este ônibus que nos leva, irá até Uruguaiana, fronteira com Argentina.

Meu sentimento é de um veterano, mas um veterano que ainda nao conhece nada e que parte para mais uma viagem para quebrar barreiras, aquelas que nos fazem ficar em casa esperando o tempo, como se ele realmente um dia chegasse.

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