Buenos Aires, 08 de julho de 2006.

Uma hora de pura concentraçao! Assim foi nossa tarde de ontem quando visitamos o hospital psiquiátrico del Borda, o hospital que fica em frente de nossa casa em BA. Acredito que como qualquer um que entre num hospital psiquiátrico pela primeira vez, fiquei com certo receio e até medo. Ao entrarmos, tivemos contatos com alguns pacientes e fomos percorrer as instalaçoes do hospital onde pretendíamos chegar até o jardim dos fundo, o qual Pablo tinha nos dito que era muito bonito.
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Ao chegarmos, vimos muito além de um jardim, um centro cultural completo onde os internos produzem peças de artes plásticas. Isso tudo está em uma casa dentro do terreno do hospital. Ao chegar a aquele ambiente fui tomado por uma energia aconchegante que me fez esquecer tudo que passava pela minha cabeça, como se entrasse num processo profundo de meditaçao. Naquele momento passei a encarar a loucura com outros olhos. Antes a tinha como uma coisa amendrontadora dentro de mim e faço a pergunta, quem nao a tem? O limiar entre loucura e razao e uma linha muito tênue e nosso modelo de sociedade ajuda a fazer com que nao se possa saltar essa linha, qualificando isso como um processo que deve ser estirpado do meio. Minha relaçao com a loucura agora mudou, e até me digo, estou consciente mais do que nunca que nossa maneira de pensar e agir nao deve estar agarrada a aquilo que dizem correto, racional ou direito. Coloquemos o mundo de pernas para o ar, reivente-mos o mundo, ele é todo nosso!

Pablo ainda nos contou que os internos do hospital criaram uma rádio comunitária, de onde transmitem uma programaçao própria e que é ouvida por muita gente em BA.

Buenos Aires me surpreende a cada dia. Ontem também fomos a Universidade de Buenos Aires a faculdade de ciências humanas onde encontramos uma galera muito legal. Discutimos de tudo: política, filosofia, mulheres, cidades e América Latina.

A faculdade é muito interessante. Toda ela parece compor, num tom uníssono, um grito político pela liberdade. Todas as paredes têm algum escrito denunciando, protestando ou mesmo informando a quem passa, reflexo da rebeldia dos jovéns porteños.

Neste conversa conhecemos um mexicano (Álvaro) e um porteño que irao na segunda para uma comunidade chamada La Rioja, no meio do deserto argentino ao norte do país. Enquanto conversávamos, fomos convencidos de que uma nova rota seria traçada. Isso sem também os conselhos de nossa amigo Pablo que nos disse que era melhor irmos direto a Bolívia, para tenhamos mais tempo para produzirmos os materiais a que nos destinamos a viajar. Agora, nosso destino passa a ser La Rioja, saindo por Córdoba em direçao a Bolívia.

Ainda ontem, fomos a uma festa de aniversário de uma amiga de Pablo. Ela é mexicana e a festa foi uma mistura de culturas. Música cubana, regada a caipirinha, tequila e fernet. Este último uma bebida comum por aqui mas que para mim no me gusto mucho, muy amarga.

Hoje vistamos a fábrica IMPA de artigos metálicos, a qual foi ocupada pelos trabalhadores depois de sua desativaçao. Hoje ela se tornou uma cooperativa com 147 trabalhadores. Ela também abriga um setor cultural, onde assistimos o ensaio do grupo de cultura Andina que Pablo participa.

Nossos dias em BA estao sendo muito bons e produtivos, mas infelizmente ou felizmente segunda seguimos viagem rumbo al norte, rumbo Bolívia!

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