Sábado… WE ARE THE ROBOTS!

Não poderia deixar de comentar a minha noite de sábado. Passei o dia lendo o Nostradamus da Democracia Alexis de Tocqueville e resolvi sair para espairecer, aproveitando que um velho amigo estava pela cidade e me chamou para ir numa casa chamada Bossa Nova. Antigamente, quando morava no São Francisco, tinha muita curiosidade de conhecer o lugar, mas nunca houve uma oportunidade que valesse a pena.

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Em que posso lhe ser útil?

Parece que o dia chegou: vinte e dois de maio. Mesmo com a curiosidade já manifesta, eu na verdade tenho um pouco de aversão a esse tipo de lugar. Boates são lugares em que as pessoas parecem robôs programados por alguma entidade superior. É como se fôssemos personagens do The Sims e que precisássemos sair para nos relacionar, encontrar alguém e interagir com outros. Isso tudo contaria pontos para o jogo da vida, no qual as pessoas vivem na esperança de encontrar alguém que as complete e que também deseje ser feliz para sempre. Isto posto diga-se: reproduzir e acumular patrimônio.

Nesse dia não foi diferente. Existia um método para as pessoas entrarem. Muitos tinham que ficar do lado de fora, tomando chuva, porque existia um procedimento para entrar na casa que fazia a fila se estender. Pra completar, as pessoas só poderiam entrar duas a duas. Nesse caso, o casal de amigos meus entrou antes. Quando chegou a minha hora, o segurança pôs-me em preparação: “Você conhece o sistema da casa?”, perguntou-me. Eu respondi que não. Logo depois ele me pergunta: “É fumante?” Novamente respondo que não. Como se eu tivesse dado as respostas certas de um jogo vindo dos programas do Sílvio Santos, abriu-me a porta e apontou para o guichê no qual deveria retirar minha comanda.

Muito bem, eu estava dentro do sistema, mas mais parecia alguém que queria hackeá-lo ou uma disfunção dentro daquele ambiente. Contive-me no meu isolamento enquanto aguardava a cerveja pedida ao garçom Maradona. El gordito já não é o mesmo e a idade o deixou lento e com pouca agilidade. Meu pedido demorou dez minutos para vir. Quando finalmente achei que iria desfrutar da minha primeira cerveja gelada do dia, o Maradona dá um bico na bola que a manda para a puta que pariu: “Sua comanda não está liberada, você tem que ir até o caixa pra fazer isso”. Constatei que realmente eu era uma disfunção naquele sistema. Pelo menos dessa vez não fui vítima de nenhum segurança intolerante como em outras ocasiões.

Sábados a noite parecem ser os dias certos para se sair. Parece que todos entregam suas vidas durante cinco ou seis dias da sua semana, para que finalmente no sábado possam se libertar da escravidão dos dias de trabalho. Mas, ao contrário do sentimento de liberdade que essa situação possa manifestar, percebo justamente a extensão da escravidão dos dias normais de trabalho. Reservado em mim mesmo, observando o comportamento das pessoas, notei coisas que não consigo expor com palavras, pelo menos não com a compreensão que tenho nesse momento. Mas posso dizer que as pessoas não agiam de forma racional. Racional no sentido de saberem o que estão fazendo e porque estão fazendo. Mas isso não quer dizer que a racionalidade não estaria presente no pensamento dessas pessoas. Um homem branco alto e ligeiramente bonito observa ao seu redor mulheres que sejam compatíveis com o seu biotipo, simpáticas e que valham o risco da sua ação. Encontrando o tipo ideal formulado a partir de seus cálculos racionais, cria formas de se aproximar dela para tentar estabelecer uma relação. Pode-se utilizar de palavras doces, palavras engraçadas ou o convite para uma dança. Ao responder o gesto, a mulher faz os mesmos cálculos racionais com relação ao seu parceiro. Nesse momento os dois já conhecem a intenção que um tem para com o outro, mas não o manifestam de imediato. É preciso tentar falsear a decisão racional para ter certeza de que o cálculo que gerou a ação não foi um equívoco. Estabelecido o contato inicial e as intenções do casal compartilhadas de forma adequada e na hora adequada, iniciaria-se uma relação entre dois seres que irão procurar, no final das contas, e sendo funcionalista ao extremo, constituir família, reproduzir-se e acumular patrimônio.

É claro que dei o exemplo de modelo familiar tradicional e socialmente aceito como esteticamente ideal (sem julgar se esse modelo é adequado ou não, e também sem julgar as consequências na estrutura social pelo estabelecimento desse padrão), mas esse modelo serviria também para casais homossexuais, tanto masculinos quanto femininos.

Mesmo com tantos cálculos racionais acerca de uma ação a tomar, parece que estes não procuram refletir o porquê de tomar determinada ação. Mesmo que levada à condição extrema esse motivo seja no fundo reproduzir-se e acumular patrimônio, parece-me que esse desejo implícito não é manifesto no ato da ação social por esses indivíduos. No final das contas, age-se como uma forma de instinto (talvez movido por esse desejo implícito) e não se procura refletir o ato em si no momento de sua ação.

Como o dia de sábado foi dedicado ao estudo da obra de Alexis de Tocqueville, podemos interpretar o fenômeno que apresentei a partir da leitura que Tocqueville faz da igualdade social e da liberdade política contida em A Democracia na América.  De forma simplificada, que poderia ser aprofundada num futuro artigo, maior e com uma leitura mais profunda sobre as ideias que lanço aqui, entendo que a contribuição de Tocqueville para esse tema está justamente na análise que faz sobre os regimes democráticos e a distinção entre igualdade de condições e liberdade dos indivíduos. Muitas das ideias de Tocqueville mais tarde podem ajudar a entender a leitura que Weber faz do Estado e da formação das estruturas burocráticas deste. Também entendo que Tocqueville propõe algumas leituras que em certa medida vão complementar as de Marx no entendimento da sociedade civil, principalmente no que tange a atomização para a participação política na sociedade.

Basicamente, Tocqueville propõe que, ao ser dada a igualdade social de condições a todos os cidadão, “essa mesma igualdade que permite a qualquer cidadão conceber esperanças, fá-los individualmente frágeis; limita suas forças ao mesmo tempo que alarga seus desejos” (p. 112). Na sua visão, ao serem dadas as igualdades de condições, os seres humanos perseguiriam obrigatoriamente seu bem-estar, nem que para isso fosse necessária relegar a própria liberdade. Por consequência disso, o individualismo seria consequência natural nas sociedades democráticas: “O egoísmo é um vício tão antigo quanto o mundo; não é exclusivo de nenhum tipo de sociedade. O individualismo, pelo contrário, é de origem democrática e ameaça desenvolver-se à medida em que as condições vão se igualando.” (p. 107). Para Tocqueville, os indivíduos nas sociedades democráticas estariam fadados a escravidão de seu bem-estar.

Tocqueville aponta que a libertação viria justamente com o rompimento pelas pessoas da escravidão do seu bem-estar para tomar nas mãos o futuro das sociedades. Utiliza-se para isso o exemplo dos Estados Unidos, país em que a população vê “com efeito, que sua liberdade é o melhor instrumento e a maior garantia de seu bem-estar, pelo que amam inseparavelmente as duas coisas” (p. 116). Contudo, se olharmos para a própria sociedade estadunidense hoje, percebemos que Tocqueville tinha uma visão romântica sobre a democracia nascitura da América.

Se voltarmos para o nosso fenômeno, percebemos muito desse processo individualizador na nossa vida cotidiana. Onde estaria nossa tábua de salvação se não no rompimento desses padrões e o estabelecimento da retomada de nossos destinos para nossas mãos? Na própria liberdade. Não a pseudo-liberdade que nos vendem enlatada e que nos permite comprar uma faca guinsu ao clique do botão do controle remoto. Mas a tão sonhada liberdade, com a qual Tocqueville também sonhava, que nos permitirá conhecer o nosso meio tão bem quanto deveríamos conhecer a nós mesmos e que, por conta disso, permitirá que possamos decidir de fato sobre as nossas próprias vidas. Sobre o futuro das sociedades humanas.

O grande problema é que a liberdade traz consigo a responsabilidade e, por conseguinte, o medo. Paulo Freire em seu livro, A Pedagogia do Oprimido, já falava sobre isso. Resta saber se estamos preparados para enfrentar esse medo ou, acho que a a grande questão é, se um dia realmente iremos querer enfrentar esse medo. Uma coisa nisso tudo é fato: Enquanto isso não acontecer, WE ARE THE ROBOTS!

Referências:

Livro “Igualdade Social e Liberdade Política”. Compilação de textos de Alex de Tocqueville, selecionados e apresentados por Pierre Gibert com a tradução de Cícero Araújo. Publicado pela editora Nerman em 1988 http://bit.ly/cYdO8d;

Livro “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire. Publicado pela editora Paz e Terra em 1987 http://bit.ly/bs28F2;

Música “Die Roboter (o robô) – The Robots (versão em inglês)” da banda Kraftwerk http://bit.ly/cfNfcl. Álbum The Mix CD (versões em alemão e em inglês).

Revisão do texto por Christina Fuscaldo.

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Gabriel García Márquez e a polêmica da pedofilia

Gabriel García Márquez

Gabriel García Márquez, Nobel de literatura e um dos maiores autores latino-americanos. Dentre seus livros publicados, um dos mais conhecidos está o clássico "Cem anos de solidão". Pedófilo, eu?

Recentemente foi anunciado que o último romance de Gabriel García Márquez, “Memórias de minhas putas tristes” seria transformado em filme, rodado num consórcio entre produtores mexicanos, espanhóis e dinamarqueses. Quase que imediatamente após esse anúncio, diversos movimentos de luta contra a prostituição infantil e de combate a pedofilia se levantaram em protesto contra a realização de tal obra. Esse fato nos leva a refletir sobre os limites da linguagem artística e da linguagem normativa, e sua influência sobre as estruturas sociais. Será que o livro de García Márquez teria essa capacidade de incentivar a prostituição infantil? Será que a produção de filme baseado em sua obra também teria esse poder?

O romance “Memórias de minhas putas tristes” tem como conflito central a relação de amor entre um senhor de noventa anos e uma adolescente virgem de quatorze que “se conhecem”, ou são apresentados, na noite em que o velho sábio completará seu nono decanato dando-se de presente “uma noite de amor louco com uma adolescente virgem”. A princípio, o enredo parece saído de uma história barata de livros do tipo Sabrina, mas digo que foi um dos romances que mais me tocaram. Sua última página chegou a me arrancar lágrimas por toda a história que o Nobel de literatura me proporcionou.

O conflito exposto não é usado para nada além do que expor a pureza do despertar de um novo amor, ou, no caso, o único amor, e como esse é capaz de transformar a cabeça de um homem e expô-lo aos ridículos da vida, como no caso do ancião andando em uma bicicleta cantando “com ares do grande Caruso”. De fato, as ridículas situações são absorvidas como lindas e comoventes na narrativa de García Márquez e o leitor pode chegar ao ponto de contemplar com certa inveja o personagem, numa catarse sublime em cada cena, guardando para si o desejo de se por naquela situação.

É difícil imaginar que um personagem como o descrito por García Márquez possa ser caracterizado como mal nesse contexto. O poço de amor em que ele se evolve chega beijar os lábios doces do profano e, mesmo que isso possa estar implícito em alguns atos, em nenhum momento a narrativa expõe a consumação do ato sexual, deixando para a imaginação do leitor o que se passava por aquele quarto de bordel, especialmente decorado e destruído pelo próprio protagonista no decorrer da história, e que servia como a alcova de seus encontros secretos com Delgadina.

O fato é que a pedofilia e a prostituição infantil são práticas condenáveis e que devem ser duramente eliminadas se quisermos garantir o direito a infância para as gerações vindouras. Mas definitivamente não se pode confundir linguagem artística com linguagem normativa. De sermões morais e de bons costumes a sociedade ao longo de sua história está cheia e, mesmo assim, essa prática abominável não foi coibida. Pelo contrário, muito dos guardiões da santidade são os mesmo violadores, ocultos por trás de sua batina, ou seu cajado/bíblia de pastor.

Se os produtores que adaptarem para o cinema esse romance de Gabriel García Márquez conseguirem captar e retransmitirem um décimo da emoção que as palavras do escritor causaram em minha alma. Se o amor recém descoberto pelo grande sábio tocar, mesmo que minimamente, a alma daqueles que entrarem em contato com essa história de alguma forma, seja através de um filme ou através de um livro, acredito que poderemos esperar um mundo um pouquinho melhor. Um mundo no qual se busque eliminar essas atrocidades que roubam a infância de tantos meninos e meninas e que não tem nada a ver com a proposta da história escrita por este que é um dos maiores autores conteporâneos da literatura latino-americana.

Livro Memória de minhas putas tristes. Publicado no Brasil pela editora Record com a tradução de Eric Nepomuceno. A minha edição é a 14a de 2006.

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Extrême racionalité… laissez-faire, laissez-faire

Domingo, acordei cedo pra daná hoje num dia atípico para tal feito. Mas enfim, fui obrigado a estar cedo no campus agrárias da UFPR para fazer uma prova de suficiência para provar que sei uma outra língua, e que isso me habilita a estar cursando o mestrado. Informação útil para você que está pensando, ou se preparando para fazer um mestrado. Se você não souber outra língua perdeu! Desista do seu sonho, vá plantar coquinho, pois só se você souber ao menos uma língua além do português você poderá ser mestre em alguma coisa.

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Ilha do pescado, salar do Uyuni, Bolívia. Foto: Érico Massoli.

É claro que estou falando isso em tom de sátira, mais pela situação na qual fui colocado no domingo pela manhã. Cheguei ao agrárias e centenas se acumulavam em frente ao portão, quer só foi aberto às 8h10. Olhava seus semblantes e pareciam que iriam prestar o concurso de suas vidas. Cheios de material de apoio para ajudá-los na prova. Nessa hora me senti fragilizado, porque só carregava comigo um romance de Gabriel García Márquez que nem estava escrito em espanhol. Era uma edição brasileira da Record de “Memórias de minhas putas tristes” muito mal traduzida diga-se de passagem. Parece que usaram um tradutor eletrônico que traduz ojalá como oxalá. Minúsculo ainda. Oxalá nos proteja de uma tradução de obras em espanhol para o portunhol mal escrito. Enfim, se meu García Márquez estivesse em espanhol não me ajudaria muito. Eu estava ali pra fazer uma prova de suficiência em inglês, mas pelos menos iria me sentir mais altivo frente àquelas pessoas super preparadas para o exame de suficiência.

Dirigi-me a minha sala de prova e tive que apresentar meus documentos. Obrigaram-me a deixar todos os meus pertences num saquinho plástico que eu estava achando, num primeiro momento, que era para pessoas que ficassem enjoadas, de tanto nervoso, vomitarem. Achei estranho, porque existia um campo para escrever seu nome e sua inscrição no saquinho. Será que se alguém vomitasse no saco, este seria levado a análise para saber se o ato de vomitar não foi um instrumento de fraude da prova? Imaginei tamanho absurdo, resultado de meu espanto com os procedimentos e cuidados que a aplicação daquela prova estava exigindo. Mas enfim, recebi minha prova, respondi-a inteira enquanto era recebida, em minha carteira, a fiscal de prova que coletou minha assinatura e, pasmén, minhas impressões digitais.

Nestes momento parece que todo mundo é criminoso e que todo mundo está ali a ponto de cometer uma fraude. A racionalidade instrumental que recai sobre a sociedade moderna dá medo pessoal. Por isso tanta gente tá fugindo pra ter uma vida mais solta nos sonhos bucólicos criados pelo artista. O laissez-faire que uma vida no campo permite, ajuda-nos a laissez la vie pasé aussi porque o ser humano não vai aguentar sistematizar cada passo da sua vida. Eu pelo menos não.

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Tataraneta de Karl Marx é estilista em Nova York

Mais um dia de pesquisas e agora a bola da vez é escrever um artigo sobre a contribuição de Karl Marx para o pensamento político moderno. Ouvindo a música “Tataraneto do Inseto” do Jorge Mautner me veio a cabeça a grande questão, por onde andaram os descendentes de Karl Marx? Sim, porque ele teve filhos, inclusive um que o pobre Frederich Engels teve que assumir pra mulher do Marx não tocar ele de casa. Este acabou sendo criado por outra família paga pelo Engels (o bonachão que financiava o Marx quando ele tava duro quase passando fome) e ninguém sabe onde foi parar um dos descendentes diretos do socialismo marxisista.

Mas enfim, Jorge Mautner estava certo, cada neto de outro inseto fica mais forte tomando inseticida. A pobrezinha Juliette experimentou do veneno capitalista numa chupada só e tá ganhando dinheiro com seus modelitos internacionais. Vejamos quem veio de quem.

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Esse é o cara! Militante que morreu militante. O neto dele, o Jean Longuet fez um discurso no seu enterro.

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Jenny Marx Longuet (Jennychen) (1844, Paris - 1883) foi a filha de Jenny von Westphalen and Karl Marx; Mais gatinha que o pai e não tinha barba. http://en.wikipedia.org/wiki/Charles_Longuet

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Jean-Laurent-Frederick Longuet (o Johnny!) (1876-1938) foi um socialista francês e neto do Marx. Teve uma postura pacifista sobre a primeira guerra mundial, mas defendeu que a França deveria reivindicar seus créditos de guerra. Ráááaaa. E aí Johnny? Explorar a classe trabalhadora dos outros pode é? Tio Lenin tinha razão. http://en.wikipedia.org/wiki/Jean_Longuet

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Karl-Jean Longuet escultor francês (1904, 1981 Paris). É bisneto de Karl Marx. Passou a militar no campo simbólico da cultura enunciado pelo Bourdieu através das artes plásticas. http://fr.wikipedia.org/wiki/Karl-Jean_Longuet

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Juliette Longuet é neta de Karl-Jean Longuet e, por consequência, tataraneta de Karl Marx. É uma estilista francesa que deixou Paris em 2003 para morar em Nova York. É famosa por ter criado o vestido do tipo Longuet. Segundo os padrões capitalistas de consumo e beleza, sofreu um melhoramento genético significativo desde seu tataravô. Não faz mais a luta socialista, mas está contribuindo para aumentar as contradições que levarão o capitalismo a ruína. http://www.juliettelonguet.com/about.html

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Esse é o Roberto Burle Marx, sobrinho-neto do Marx. Nasceu e morreu no Brasil, seria um sinal de Benedito Valadares? http://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Burle_Marx

Tem outro perdido da família que acabou vindo para o Brasil, e que também militou no campo simbólico, é o Roberto Burle Marx, sobrinho-neto do Marx. Sua principal contribuição para o socialismo foi a proposta paisagística do eixo-monumental de Brasília, a convite de outro então fãnzásso do Marx, o Oscar Niemeyer. O problema é que o pessoal lá de Brasília não entendeu muito o que é socialismo, e a gente continua achando que é preciso inchar o bolo pra depois dividir. Pior que agora até direitos humanos estão na mesa de negociação. Poucos sabem, mas o socialismo que alguns querem pro Brasil é só um pouquinho mais de respeito aos direitos humanos fundamentais e uma distribuição justa da imensa riqueza que esse país gera. Se preferirem, dá até pra usar o termo torto do Emir Sader: “no fundo, o socialismos que gente quer é a construção de uma grande esfera pública“.

CANALHAS!! Seres humanos mais desumanos… ARREPENDEI-VOS! É chegada a vigésima quinta hora.

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Cúpula dos movimentos sociais sobre mudanças climáticas

Acontece até domingo a cúpula dos movimentos sociais sobre mudanças climáticas. A cidade de Cochabamba, na Bolívia, recebe representantes do mundo inteiro que discutem e buscam soluções para aquilos que muitos estão dizendo “o fracasso dos países desenvolvidos em resolver as questões climáticas”.

O presidente Evo Morales discursou na abertura. A Ciranda internacional está contribuindo para comunicação compartilhada do evento através da agência Media a Medio: http://www.agenciadenoticias.org/

Acompanhem algumas matérias em vídeo que saíram desse primeiro dia de atividades:

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100% livre do cigarro.. sei! E de seguranças truculentos também.

100% livre do cigarro? Essa afirmação me faz rir tanto quanto dizer que o John Bull Music Hall não tem seguranças truculentos. Além é claro, do baile que fazem pra não garantir a meia entrada para estudante e tudo mais. A classe produtora de Curitiba deveria ter um pouco mais de respeito com seu público.

Descrição: Foto tirada durante o show do Afrika Bambataa em Curitiba, dia 15/04 onde fomos literalmente agredidos pelos seguranças do evento. Se ainda tivesse sido só a gente…

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O caiçara Perequê

Luís Perequê em apresentação.

Luís Perequê em apresentação. Foto divulgação.

Entre os dias 27 de dezembro e 10 de janeiro, eu, Marco Antônio Konopacki, o Amarelo e Érico Massoli Ticianel Pereira, membros do coletivo Soylocoporti, viajamos de bicicleta desde Curitiba/PR até Paraty/RJ. Foram nove dias na estrada e 800km percorridos com o objetivo de conhecer e dialogar com ativistas culturais ligados a cultura caiçara desta região. Um dos entrevistados foi Luís Perequê, músico e produtor cultural que é uma das referências da cultura caiçara brasileira. Ativista cultural, orgulhoso de suas raízes, Luís Perequê fundou o Silo Cultural José Kleber e a Vila Caiçara em Paraty, espaços que se propõem a revelar talentos locais e a divulgar a cultura caiçara. Também criou com Antônio Carlos Diegues, Vanda Mota, Anna Cecília Cortines e Olívia Gotteheiner a Rede Caiçara de Cultura, rede de articulação que busca fortalecer e criar espaços para o fortalecimento da identidade caiçara na região que vai do litoral do Paraná ao litoral sul do Rio de Janeiro.

Nesta entrevista, eu e Luís Perequê debatemos sobre os impactos do turismo na cultura caiçara, sobre as diferenças da preservação cultural e da manutenção cultural e também sobre cultura e religiosidade.

[audio:http://kuaitema.org.br/arquivos/entrevista_pereque.mp3]

Se você quer baixar pra utilizar essa entrevista na sua rádio comunitária, fique a vontade e faça o download.

Ainda tem um “bonus track” da entrevista que é quando Luís Perequê troca algumas palavras sobre identidade e fortalecimento cultural.

[audio:http://kuaitema.org.br/arquivos/pereque-identidade_fortalecimento.mp3]

Se você quer baixar pra utilizar essa entrevista na sua rádio comunitária, fique a vontade e faça o download.

Entrevista colhida no dia 07 de janeiro de 2010. Alguns direitos reservados.

Veja mais sobre essa viagem:

Post: Retomando trabalhos;

Fotos: no Flickr;

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Liberdade na internet

tela_mtvdebateO MTV debate desta terça, dia 02 de março, discutiu a liberdade na internet. Participaram como convidados O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que barrou a aprovação do Projeto de Lei Azeredo; Denny Roger, que trabalha com segurança na internet; Sergio Amadeu, sociólogo e defensor da liberdade na rede; Camilla do Vale, advogada especialista em crimes cibernéticos; Carlos Eduardo Miguel Sobral, delegado da Polícia Federal e chefe da unidade de repressão aos crimes cibernéticos; Julio Semeghini, deputado federal (PSDB-SP) que está envolvido com o projeto de lei sobre regulamentação na internet.

Todos reafirmaram a necessidade de garantir a liberdade da rede, mas poucos falaram da não interferência nela. Parecem ser a mesma coisa, mas a garantia de não interferência é muito mais forte, ao passo que podem ser garantidas liberdades neste meio, mas com o controle e direcionamento tecnológico que o mercado tanto quer.

Achei na verdade que o melhor debatedor foi o Paulo Teixeira (PT-SP), que deixou claro que a principal pauta de disputa nesse momento histórico é o marco regulatório civil para internet. O Sérgio Amadeu na minha opinião não foi bem no debate, e se ateve a picuinhas lançadas pelos ogros da internet como foi o delegado da PF, que entendem pouco ou quase nada do significado político que está por trás dessas discussões.

Enfim, devemos continuar lutando para que projetos como do sen. Eduardo Azeredo não se criem e que possamos ter um marco regulatório civil para internet que possa permitir ao Brasil exercitar todo seu potencial de contribuição tecnológica e intelectual para este meio que recém nasceu.

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Doc sobre o Inti Raymi em Buenos Aires finalizado…

Ano passado viajamos para Buenos Aires para fazer o registro de uma das festas mais importantes par aos povos andinos, o Inti Raymi, o ano novo aymara. Este evento acontece na noite mais longa do ano, dia 21 de junho, onde seus participantes fazem votos durante toda a noite e aguardam o retorno do sol.

Desde então, trabalhamos nas imagens que captamos naquela ocasião e com a visita do companheiro chileno Pablo Mardones durante os últimos dias, acertamos os últimos detalhes e finalizamos o vídeo, que ainda demanda de algumas legendas e ajustes. Em breve publico o vídeo por aqui.

Nós na entrada do forró de comemoração pela finalização do doc Inti Raymi em Buenos Aires. Em pé da esquerda para direita: Crispim (Ar), Guti (Br), Mercedes escondida (Ar), Pilar (Ar), Eu (Br), Julia (Br), Pablo (Ch) e Érico (Br).

Nós na entrada do forró de comemoração pela finalização do doc Inti Raymi em Buenos Aires. Em pé da esquerda para direita: Crispim (Ar), Guti (Br), Mercedes escondida (Ar), Pilar (Ar), Eu (Br), Julia (Br), Pablo (Ch) e Érico (Br).

Por ocasião deste grande feito, ontem fizemos um jantar típico boliviano em minha casa, da qual também estou me despedindo, pois me mudo na quarta-feira. Cozinhei para os convidad@s do Soylocoporti uma sopa de maní, ou sopa de amendoim, receita típica boliviana e que gosto muito. Bebemos vinho, assistimos o filme que em sua versão final ficou no formato de 15 minutos.

Em seguida, fomos a sociedade 13 de maio dançar um forró, o que foi muito divertido e pudemos nos despedir de Pablo, que volta pra casa do seu tio amanhã e voa pra Montevideo onde acompanha a posse do novo presidente uruguaio Pepe Mujica na terça. Esperamos poder estar juntos por ocasião do Inti Raymi esse ano, data que além de ser muito interessante culturalmente enquanto manifestação, também é bastante forte espiritualmente. Esse é o nosso ano novo, o ano novo dos latino-americanos.

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Carnaval em Pernambuco, um carnaval que vale por muitos

Brinde de abertura da casa da Mãe Joaninha

Brinde de abertura da casa da Mãe Joaninha. Jonas, Milena, Marcelo e Fátima. A quinta mão é a minha.

A frase do título desse post é o slogan do material publicitário do carnaval de Pernambuco desse ano produzida pela Fundarpe (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco) e eu pude provar que é verdade nestes quatro dias que passei por Olinda e Recife. Uma maratona que é capaz de cansar o maior dos atletas.

Se eu fosse contar cada detalhe desta história precisaria de um livro. Aliás, essa foi a ideia que o Gabriel deu depois de uma fatídica quinta-feira de abertura do carnaval no Fortim do Queijo em Olinda. Segundo ele, o livro se chamaria “Amarelo no carnaval de Olinda, biografia não autorizada”. De fato não quero entrar em muitos detalhes sobre esse dia, só posso contar que acabei sendo acordado pelo segurança do camarote já no final do show do Mundo Livre S/A, coisa pela qual não me orgulho nem um pouco. Ao menos esse fato me ajudou a conter os ânimos e o resto do carnaval foi salvo.

A casa do capitão presença, o forte da cinco pontas

A casa do capitão presença, o forte da cinco pontas

Na sexta entramos num ritmo frenético de folia. Dormíamos no máximo três horas por dia, quando dormíamos. Carnaval em Recife/Olinda é assim. Você passa o dia inteiro seguindo os blocos pelas ruas da cidade patrimônio da humanidade, Olinda, e a noite a festa acontece em Recife, com mais de 15 pólos de animação e só show de altíssima qualidade. Algumas atrações que acompanhei em Recife: Zeca Pagodinho, Otto, Lenine tocando com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, Jorge Ben Jor, Zé Ramalho, Cordel do Fogo Encantado, CEU e Original Olinda Style (Eddie + Orquestra contemporânea de Olinda). Ufa, haja fôlego pra acompanhar tudo. E isso que não cumpri nem 10% de toda a programação que estava disponível. Naquela quinta fatídica em Olinda, ainda vi o show de Alceu Valença e um pedaço da Academia a Berlinda e Mundo Livre S/A.

Camarote no galo da madrugada com Ciro Gomes, Eduardo Campos e Dilma Roussef

Camarote no galo da madrugada com Ciro Gomes, Eduardo Campos e Dilma Roussef

São muitas atrações mesmo no carnaval multicultural de Olinda/Recife. O mais interessante é que são poucos os artistas que citei que não são de Pernambuco. Só o estado que é um dos celeiros culturais deste país poderia oferecer tamanha diversidade de atrações e elas se harmonizarem na maior festa brasileira, o carnaval (não que esta seja a única ocasião que isso aconteça, mas de fato deve ser a maior oportunidade).

Em Olinda pude presenciar o maior carnaval de rua que já participei e arrisco dizer que seja um dos maiores do mundo. Milhões de pessoas fantasiadas descendo e subindo ladeira seguindo os blocos de frevo que animam a multidão.

Carol nos apresenta o gole mágico! Sem ele não sobreviveríamos a esse carnaval.

Carol nos apresenta o gole mágico! Sem ele não sobreviveríamos a esse carnaval.

Encontrei vários colegas super heróis na sala da justiça. Eu, na verdade, um anti-herói que sofre um preconceito diário, o capitão presença que fez contatos imediatos do alto da ladeira da misericórdia, na catedral da Sé. Pude compartilhar alguns momentos com os não tão super heróis que estavam na minha casa, a tropa de Borats, que até entrevista pra televisão deram no seu visual bizarro com suas cuecas com alças nos ombros num auto-chazão muito engraçado de se ver.

Aliás, a casa na qual fiquei é um capítulo a parte nesta história. Devo agradecer muito a oportunidade de Rogério e toda a galera ter me recebido, o único paranaense por lá. Só não estava tão excluído regionalmente, pois havia um gaúcho, o Vicente (por coincidência ou não, o apelido dele é vermelho) que compartilhou a representação sulista na casa da mãe joaninha.

Noite no Recife, palco rEc bEat ao fundo.

Noite no Recife, palco rEc bEat ao fundo.

Tanta coisa pra contar, e não quero deixar esse texto um tratado. Como coloquei no começo deste post, não vou fazer um livro, mas na abertura do carnaval ainda teve o galo da madrugada em Recife, o maior bloco de frevo do mundo. Mais de dois milhões de pessoas pelas ruas do Recife antigo. E quem estava num dos camarotes? Nada menos que Ciro Gomes, Eduardo Campos e Dilma Roussef. Claro, fizemos uma intervenção política na frente do camarote, inclusive o capitão presença puxou um “Dilma legaliza!”, sem entender nada, Dilma olha para Ciro Gomes que faz um gesto manual como se soltasse uma pipa. A multidão então também responde “Ciro bota um!!”. Cenas cômicas e inusitadas que só poderiam acontecer num carnaval tão especial como é o carnaval por estas bandas.

Estão todos convidados, ano que vem pretendo estar lá de novo, se minha conta bancária deixar é claro. Mas fique espert@. Quem se programa paga menos, tanto passagem como casa e outras coisas necessárias para passar por lá.

Veja mais fotos no meu flickr.

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