Jornalista brasileira sofre séria discriminação na fronteira da Jordânia com Israel

Ouça o relato.

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Imagem: Marcha da Maconha no Rio de Janeiro

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Orquestra Rabecônica do Brasil

Dia de sábado, fiquei sabendo que os amigos de Paranaguá da associação Mandicuera estavam em Curitiba para um fim de semana de apresentações de seu novo espetáculo: a Orquestra Rabecônica do Brasil. O espetáculo leva o nome desse nova experimentação de orquestra que é composta de instrumentos de arco variados, viola fandangueira, percussão e voz.

Orquestra Rabecônica em ensaio em Curitiba

Tudo é apresentado no formato de musical e cada execução é o tema para uma cena do cotidiano caiçara: a procissão do divino, o boi de mamão, o baile de fandango para encontrar um “bom marido”. Aorélio Domingues, diretor do espetáculo, teve o cuidado de contar essas história sem criar caricaturas estereotipadas. Tudo fluí de modo muito natural sem que seja preciso forçar situações. Realmente muito interessante a forma como tudo foi montado. Além dos personagens no palco, também são usados recursos audiovisuais que projetam imagens ligados ao contexto de cada cena.

Esse refinamento estético a que os companheiros da Casa Mandicuera não é surpresa. Graças a atuação deles como insistentes defensores da cultura popular, e com alguns apoios governamentais, eles puderam experimentar. São caiçaras que passaram a contar sua própria história. Acredito que se qualquer grande produtor, que não fossem os próprios caiçaras, tentasse montar o mesmo espetáculo, com certeza não sairia com a mesma qualidade. Só quem vive cercado daqueles elementos que fazem parte da identidade caiçara é que poderia resignificá-los sem ser pedante.

Parabéns a todos os envolvidos, em especial aos amigos da Casa Mandicuera, pelo lindo espetáculo. Recomendo a todos e todas para assistirem a Orquestra Rabecônica no Festival de Curitiba.

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Aproxima-se o Machaq Mara

Findo o carnaval, inicia-se a quaresma para os católicos. Basicamente, um período de reflexão para comemorar a ressurreição do rei, simbolizada pelo ovo que representa a vida. Se relacionarmos esse evento ao momento que o Hemisfério Norte está vivendo neste período, perceberemos que ele tem mais a ver com a estação do ano de lá do que aqui. Lá eles estão vivendo a primavera, o momento em que a vida ressurge depois de um inverno austero.

Nós aqui no sul estaremos entrando no outono para logo em seguida viver o inverno. Nosso momento aqui no Hemisfério Sul é outro, é de um ano que se renova, mas poucos olham criticamente isso. Muitas etnias latino-americanas comemoram o ano novo nessa época. Ano passado tivemos a oportunidade de celebrá-lo em Curitiba. Gostaria que com esse post de reflexão, também sugerir a leitura do artigo do companheiro Pablo do Soylocoporti Buenos Aires: “La noche más larga del año. Indios, mestizos y blancos bajo el mismo calendario“. Ele explica um pouco mais da necessidade de uma nova forma de entender alguns símbolos. Por uma cosmovisão que inclua também o sul do planeta.

Nossa fogueira em plena praça em Curitiba. Diferente de Buenos Aires, pelo menos nessa comemoração não tivemos problemas com a polícia.

Período de integração e reflexão. O evento também aproveitou para lançar o documentário Machaq Mara em Buenos Aires. Co-produção Soylocoporti e Alpaca.

Veja também o documentário Machaq Mara em Buenos Aires.

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Cúpula íbero-americana: Lula, “sou um político latino-americano”

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Junte-se à Maratona de Mídia Anti-Apartheid nos dias 12 e 13 de novembro!

A Semana anual Contra o Muro do Apartheid, que será realizada do dia 09 ao dia 16 de novembro, está começando! Ativistas palestinos e estrangeiros irão se mobilizar novamente nas ruas e organizar uma série de eventos ao redor do mundo. Essa mobilização nas ruas será complementada por uma maratona intensa de 48 horas nos dias 12 e 13 de novembro. Nós convocamos a mídia para se juntar à cobertura sem parar de 48 horas!

Confira o nosso kit de mídia neste link: Media Kit. Você pode encontrar artigos, vídeos e áudios sobre o Muro, as ocupações, Apartheid e BDS. Use o segmento de áudio pronto contendo entrevistas com com Jamal Juma, coordenador da Campanha Stop the Wall e Faisal Hindi do Sindicato dos Fazendeiros Palestinos em Qalqiliyah.

O começo da Semana Contra o Muro do Apartheid no dia 09 de novembro coincide com a queda do Muro de Berlim no mesmo dia há 21 anos. Mesmo assim, hoje em dia Israel cria, com a construção contínua do Muro do Apartheid e a Bantustanização da Cisjordânia, um símbolo de opressão e racismo com mais de 700km de extensão e que precisa ser impedido. Deste modo, nós convidamos o mundo a mostrar solidariedade com os Palestinos na luta para por um fim ao apartheid, à colonização e à ocupação!

Nos dias da Semana contra o Muro do Apartheid haverá um calendário de eventos internacionais, em que os participantes irão se encontrar para demandar um fim aoMuro do Apartheid e à impunidade de Israel, por meio de projeções de filmes, demonstrações, exibições de fotos, conferências e debates. Para mais informações sobre eventos próximos a você, visite nosso site:http://mediamarathon.stopthewall.net/

Campanha Stop the Wall, em cooperação com a Ciranda, Foro Social de Radios, WSFTV, iniciativas de comunicação compartilhada e mídias alternaivas listadas abaixo, lançou essa maratona de mídia para envolver ativistas da mídia internacional na conscientização sobre o Muro e seus efeitos. Nós fazemos um chamado à mídia para que se juntem a nós na cobertura sem parar de 48 horas por meio de transmissões de rádio, TV, streaming ou publicação de informações sobre o Muro, o Apartheid israelense e a resistência palestina e o movimento BDS global.

Participar é fácil:

1) Escolha um breve espaço de tempo durante as 48 horas da maratona de mídia (12 de novembro 00:00h – 13 de novembro 23:59h), durante o qual você fará uma cobertura sobre o Muro, o Apartheid israelense, a resistência palestina e a solidariedade global.

2) Avise a Stop the Wall que você está participando da Maratona de Mídia para inserirmos o seu conteúdo na programação das 48 horas que será publicada no site:http://mediamarathon.stopthewall.net. Entre em contato: gemma@stopthewall.org

3) Crie a sua programação. Nós pedimos a cada mídia participante contribuir com pelo menos uma cobertura; isso pode ser um artigo, um programa de rádio ou um vídeo. Depois envie seu conteúdo ou um link para o site onde ele foi publicado para: gemma@stopthewall.org ou bds@ciranda.net.

4) Para fazer uma cobertura, busque fontes em sua comunidade. Já há muita informação e material de mídia lá fora. A Stop the Wall também pode oferecer um série de recursos, incluindo entrevistas em vídeo e áudio, fichas técnicas e com informações e outros materiais de mídia. Visite: http://stopthewall.org/latestnews/2…para acessar o material para extrair detalhes para suas peças de mídia.

5) A maratona de mídia inclui o lançamento oficial do processo de votação online do concurso de vídeos Isto é Apartheid (It is Apartheid – veja www.itisapartheid.tv). Encoraje sua audiência a aprender com os vídeos e votar no melhor. Use os vídeos para sua própria transmissão.

maratona de mídia é a primeira deste tipo. A Campanha Stop the Wall convoca os jornalistas e as estações de mídia ao redor do mundo para aproveitar as oportunidades para cobrir esses grandes eventos nos dias 12 e 13 de novembro enquanto eles seguem a rota do sol. O tempo é agora para mostrar que não haverá paz sem que haja um fim à repressão e a ocupação. Mais informações sobre a Semana Contra o Muro do Apartheid podem ser encontradas aqui:http://stopthewall.org/latestnews/2…

Lista das mídias envolvidas: Alai, Altermundo, Amarc, Alternative Information Center, ANMCLA, Caros Amigos, Ciranda, E-Joussour, Foro Social de Radios, It is Apartheid TV, Radio Amisnet, Telesur, Vive TV, WSFTV.

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A privatização que o curitibano gosta

A privatização que o curitibano gosta, ou que não percebe, ou que não quer ver, está acontecendo de baixo de nossos narizes e ninguém está reclamando.

O despertar desta crítica surgiu num momento em que estava muito satisfeito com uma ação bastante importante para a cidade: a Virada Cultural de Curitiba, que aconteceu neste final de semana. Realmente devo tirar o chapéu, pois a Fundação Cultura de Curitiba atendeu uma reivindicação antiga de alguns movimentos culturais da cidade, que era transformar o espaço público curitibano, ocupando as ruas e praças para que a arte viesse a transformar a tímida Curitiba, conforme descreveu muito bem a amiga Ana Caldas. Foi isso que aconteceu, por isso, minha crítica vai além da forma e do conteúdo da Virada. Vai para gestão das políticas públicas municipais. Mais especificamente, vai no tocante a elementos profundos a forma de governar do grupo político que aí está há 20 anos. A ideologia de que o privado é melhor e mais eficiente que o público.

Relógio das flores de Curitiba que dá a hora de Nova York

Relógio das flores de Curitiba que dá a hora de Nova York

Refiro-me a forma com que a virada foi patrocinada e, também, ao que está acontecendo a outros espaços culturais e de convivência de nossa cidade. Eles estão sendo privatizados silenciosamente. A aprovação recorde do ex-prefeito e governador eleito do Paraná, Beto Richa, demonstra que o curitibano está gostando dessa política, não a percebeu ou não está querendo ver que toda a cidade está sendo privatizada. Tudo é negócio na Curitiba S.A.

Por exemplo, nosso querido Jardim Botânico tem dono, a grupo o Boticário. A quem diga que a clássica estufa já não exala mais o perfume das flores tropicais que ali estão, mas a fragrância do lançamento para este verão. O relógio das flores no largo da ordem? É propriedade da Global Village Telecom e agora falam que ele dá o horário de Nova York e não mais de Curitiba. E a Virada Cultural? É do HSBC, que serve champagne aos apreciadores da boa música da sinfônica paranaense tocando, na ocasião, em parceria com o Hermeto Pascoal, o gênio paraibano da música popular brasileira (que ironia).

Outdoor em frente ao Jardim Botânico. Precisa?

Outdoor em frente ao Jardim Botânico. Precisa?

Sou produtor cultural também, e sei o quanto é importante captar recursos no setor privado para viabilizar esse tipo de evento. Também reconheço o cuidado que a prefeitura de Curitiba e a FCC têm ao abrir licitação pública para escolha dos concessionários, dando um pouco mais de transparência nesses processos. A esta passagem, devo somente ressaltar o caso especial do HSBC, que veio a partir da troca de título fiscal da lei de incentivo, a pior forma de se privatizar o recurso público, mas que também não é um problema específico da cidade de Curitiba, mas do sistema de financiamento da cultura brasileira (que se tudo der certo, mudará com o Sistema Nacional de Cultura). A minha questão fundamental está em refletir se esse realmente é o caminho que percebemos como melhor.

"Camarote" do HSBC na praça Espanha durante o show de Hermeto Pascoal e a Orquestra Sinfônica do Paraná (Virada Cultura de Curitiba)

"Camarote" do HSBC na praça Espanha durante o show de Hermeto Pascoal e a Orquestra Sinfônica do Paraná (Virada Cultura de Curitiba)

É a privatização um caminho desejável? Pois não me venham dizer que é outra coisa, pois isso se trata sim de privatização. Mesmo acreditando que poder público e empresas possam trabalhar juntos em “boas parcerias” e a privatização em certa medida seja “eficiente”, por outro, acredito que possam haver graus diferenciados de privatização, ou mesmo, modelos de concessão que limitem a possibilidade de tudo se tornar mercadoria.

A mim me preocupa muito a exploração visual que O Boticário faz espalhando milhares de totens por dentro do parque. A mim me preocupa muitíssimo quando o HSBC fecha uma parte da área construída da praça Espanha, e só permite a entrada de clientes HSBC para beber do seu champagne. Haveriam outras formas de tornar interessante a estes “parceiros” o incentivo a cultura e a manutenção dos espaços públicos da cidade, sem que estes se apoderem do público? Essa é uma pergunta importante, se não, necessária de se fazer. Enquanto isso, eu fico com a pulga atrás da orelha querendo compartilhar essas palavras pra ver se compartilhamos da mesma angústia.

Essa coisa de tratar tudo como mercadoria me incomoda, ôh se me incomoda.

Ah, e quem não lembra do bondinho harry potter ano passado, por conta o lançamento do tal filme? O cartão postal da cidade virando peça de propaganda? Qual o limite da privatização? Foto: divulgação.

Ah, e quem não lembra do bondinho harry potter ano passado, por conta o lançamento do tal filme? O cartão postal da cidade virando peça de propaganda? Qual o limite da privatização? Foto: divulgação.

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Depoimento de um jovem brasileiro

Já que a campanha desembocou no tom emotivo que chegou, desprivilegiando as propostas, também vou fazer meu depoimento emocionado declarando meu voto no segundo turno das eleições presidenciais de 2010.

Nasci na cidade de Araucária, Paraná, cidade da região metropolitana de Curitiba. Minha origem é simples. Meu avô, Vitório Konopacki, saiu da lavoura no distrito de Guajuvira, para montar sua vida como ferroviário. Na década de 1950 entrou para Rede de Viação Paraná Santa Catarina, que depois se transformaria em Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Pouco mais de 20 anos mais tarde, meu pai, José Luís Konopacki, seguiria a mesma trajetória, ingressando para a, então gloriosa, RFFSA. Naquela época, era um orgulho trabalhar para “a rede” que era uma das maiores empresas brasileiras. Não é a toa que meu pai conheceu minha mãe num pátio de estação. Meu avô por parte de mãe, Alexandre Gilberto Visbiski, aposentou-se como supervisor de turma pela RFFSA.

Rede Ferroviária Federal S/A

Meu irmão, Fábio Alexandre Konopacki, inspirado no orgulho que meu pai tinha de ser ferroviário, recentemente, em 2003, ingressou para a, já privatizada, América Latina Logística. As más condições de trabalho e a precariedade com a qual a multinacional trata seus funcionários, fez meu irmão desistir do sonho, deixando a empresa em 2008. O sonho de se fazer uma carreira digna como trabalhador valorizado dentro da empresa já não é mais a mesma. A empresa privatizada visa o lucro exclusivamente e não tem nenhum compromisso com o desenvolvimento do país. Meu irmão, assim como meu pai, não conseguiram se aposentar trabalhando como ferroviários. Meu irmão por opção, meu pai por demissão. Sim, meu pai atravessou todo o processo de privatização da RFFSA durante o ano de 1998 do governo do então presidente, Fernando Henrique Cardoso. Toda a malha ferroviária foi entregue a grupos internacionais que, ao invés de expandir, reduziram a malha a somente aos ramais que lhes eram interessantes. Meu pai, por acreditar que poderia se aposentar como ferroviário, não cedeu as pressões para demissão voluntária, iniciadas ainda enquanto estatal e estabelecidos através de decreto pelo presidente FHC. Ele era ferroviário e não tinha outra profissão. Queria ter o orgulho de se aposentar como tal.

Foi então, que em 2002, após trabalhar uma noite inteira de plantão, que meu pai chegou em casa e deu a derradeira notícia para minha mãe: “Fui demitido, junto com tantos outros colegas”. Na mesma hora ele começou a chorar, chorar tanto, que fiquei desesperado. Acho que deve ser um trauma para qualquer jovem ver seu próprio pai chorar. Eu nunca tinha visto meu pai chorar. Sabe o que é uma pessoa criar sua identidade pelo que faz e de uma hora pra outra, num processo nefasto, ver sua identidade ser roubada. Meu pai não foi demitido por incompetência, mas por um ajuste estrutural da empresa privatizada. Meu pai tinha herdado o salário de funcionário público federal. A ALL contratou alguém para substituí-lo pagando 5 vezes menos. O discurso naquela época era: “Deixe que o mercado ajusta as coisas”. Esqueceram de dizer que não somos coisas, somos pessoas, seres humanos! Em 2002 estávamos no último ano de governo FHC, mas as consequências de 8 anos do governo do PSDB geraram consequências sentidas até hoje. Meu pai tinha vivido a pior delas naquele ano.

Eu tinha sentido efeito dos “ajustes” feitos pelo governo PSDB alguns anos antes. Por sempre ter sido incentivado para tal, queria estudar muito e virar um engenheiro mecânico. Já vinha sentindo o processo de sucateamento das estatais e, principalmente, da RFFSA. Não queria virar ferroviário porque aquela profissão já não tinha o mesmo “glamour” de antes. Meu pai me ajudou e pagou um curso para que eu passasse no CEFET, que era a melhor escola para eu fazer o meu segundo grau. O ano era 1997. Meu sonho era passar no curso técnico em mecânica, usar o guarda-pó verde musgo que meus tios já tinham usado (tive um tio que fez o curso técnico em mecânica e outro que fez edificações). Com a ajuda de meu pai e minha mãe, que pagaram meu cursinho, consegui passar no tão sonhado CEFET e pude dar um pouco de orgulho a eles. Porém, neste mesmo ano, o governo FHC com então Ministro da Educação, Paulo Renato (Secretário de Educação do governo Serra em São Paulo) reformou a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) da educação brasileira. Com ela, foi extinto o ensino técnico de segundo grau em todo país e o CEFET-PR foi um dos primeiros a aderirem a nova LDB. Fiquei arrasado, o curso técnico que gostaria de ter feito, para que saísse do segundo grau já com uma profissão, foi extinto quase que no ato da minha inscrição.

Em 2003 Lula foi eleito com uma quantidade imensa de votos e parecia que as coisas iriam mudar. A mudança não foi sentida da noite pro dia e as vezes eu acho que as pessoas ainda não perceberam as mudanças. Mas basta eu citar coisas de antes desse governo, que se transformaram em quase tragédias familiares, e citar o que acontece agora para perceber que sim, há uma diferença para melhor. Em 2005 consegui terminar minha faculdade de Administração pela UFPR. Consegui num clima de euforia, pois a Universidade pública estava em continua e franca expansão quando saí, bem diferente de quando entrei, em 2001, que o arrocho do orçamento da educação pública levava ao cúmulo de alunos terem que comprar o material de laboratório. Em 2006, abri uma empresa junto com meu grande amigo de faculdade, e parceiro de vida, João Paulo Mehl. Tivemos incentivo para pequenas empresas que estão começando e, felizmente, rompemos a média de vida das empresas recém fundadas, que vivem em torno de um ano. Muito por mérito nosso, mas muito também pela política governamental que passou a incentivar a iniciativa de pequenos produtores, ao invés de só olhar para os grandes. Nós inclusive conseguimos investir no nosso negócio, comprando insumos utilizando o cartão BNDES.

Em 2010, ingressei no programa de mestrado em Ciência Política da UFPR (optei pela ciência política por querer entender isso que mudou o Brasil e também ser um agente de mudança depois de tudo que vivi nessa minha jovem e recente vida). Graças ao investimento na pós-graduação e na pesquisa que esse governo está fazendo, eu tive a opção de parar de trabalhar e me dedicar exclusivamente para a pesquisa no mestrado. Todos, eu disse todos, os alunos do programa tinham a opção de fazer o curso com bolsa. Imagine, pra mim, que sempre que tive que trabalhar para poder me manter e pagar meus estudos, ter a opção de poder me dedicar só para os estudos. Há 10 anos parecia inacreditável que isso poderia acontecer e, agora, eu sou um exemplo da transformação que este país está vivendo.

Eu tenho uma única frase para resumir isso: O Brasil e o povo brasileiro deixou de ser tratado por uma coleção de números e dados para sermos tratados como pessoas, gente. Não somos mais “coisa”, somos brasileiros e brasileiras nos quais o Brasil aposta para dar certo. Antes do governo Lula, as pessoas estavam sem esperança de mudar de vida, sem perspectiva de um caminho melhor, de reconhecer a possibilidade um país diferente. Hoje elas tem a possibilidade de construir uma vida, a vida que elas quiserem e sonharem.

Eu não quero a volta do modelo em que as pessoas são tratadas como números. Eu quero continuar com o Brasil que está mudando. Com o Brasil feito pelos brasileiros e brasileiras e não pelas multinacionais e agências financeiras internacionais. É por isso que voto e peço voto para Dilma Rousseff para presidenta. No dia 31 de Outubro, vote 13. Espalhe essa mensagem para seus amigos e familiares. Não deixe que a boataria contamine um dos maiores projetos de transformação que este país já teve.

Um forte abraço,

Marco Antônio Konopacki.

Um pessoa real, com sentimentos reais e que escreveu essa carta com o coração. Ao contrário das boatarias que estão circulando por aí, essa carta é assinada. Se tem dúvida, conheça meu blog: http://amarelo.soylocoporti.org.br

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Rage Against the Machine no SWU, um coito interrompido

Um dos shows que mais esperei na vida. Foi a primeira vez que o Rage Against the Machine (RATM) veio para a América do Sul e a expectativa era muito grande. Uma pena que o show não tenha correspondido a expectativa. Essa opinião, não é pela performance do RATM no palco, claro, mas pela sacanagem que foi a organização de uma super produção dessas.

Quando anunciaram que o RATM iria tocar no Brasil, não pensei duas vezes, comprei meu ingresso já no primeiro lote e nem sabia que eles iriam fazer o show num festival, muito menos um festival ecocapitalista sustentável. A ansiedade era tanta que só via na frente a possibilidade de ver uma das bandas mais contestadoras do metal moderno. O grande dia chegou, e eu havia me posicionado, com minha linda namorada, num local que era razoavelmente bom e que conseguiria ver Zack de La Rocha, Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk num show que era pra ser antológico. Era.

Olha onde eu vim parar!

Olha onde eu vim parar!

Antes de que o Rage subisse ao palco avisei minha namorada: “você terá que pular meu amor, porque a galera vai pular muito”. Até aí, nenhuma novidade, estava disposto a pular como em nenhum show. Mas ao soar o primeiro acorde, a multidão enlouquecida começou a pular e a pressionar em direção ao palco como um rolo compressor. Não importava quem estava na frente. A pressão era tanta que a diversão em pular ouvindo Rage se transformou em desespero pelo medo de sermos pisoteados. No mesmo momento a luta, antes para se posicionar para ter um bom lugar para ver o show, foi transformada num exercício quase que homérico para sair pelos cantos e evitar a pressão causada pela massa de gente. Finalmente, conseguimos nos posicionar ao lado de uma geladeira de cerveja onde os ânimos estavam um pouco mais calmos. Resultado: estávamos bem mais longe do palco, mas pelo menos nos sentíamos mais seguros.

Não demorou muito para que o show fosse interrompido pela situação. A pressão foi tanta que a grade de contenção na frente do palco foi derrubada e Zack, no microfone, pediu calma e avisou que só continuaria o show se “cada um que estivesse ali cuidasse um dos outros”. Parece que agora conseguiríamos aproveitar o resto do espetáculo e eis que no meio de “Settle for nothing” um apagão cortou totalmente o som. Os músicos se ouviam no palco, porque a performance não parou, mas o público de 48 mil pessoas na arena Maeda levantava os braços cobrando que alguma providência fosse tomada. O som volta e na música seguinte, a mesma coisa, apagão das caixas principais. Pensamos que o show acabaria ali. Vinte minutos de água fria e Zack fala no microfone: “check check check…”. O som havia sido restabelecido.

Depois das várias interrupções, o show foi até o final, mas já sem o tesão da expectativa que as preliminares que me levaram até aquele dia a arena Maeda. Fico triste, por um lado, e espero ver ao menos mais um show do RATM na vida. Fico indignado, por outro, e culpo os organizadores do festival SWU, que investiram milhões de reais naquela estrutura, e deixaram uma coisa dessas acontecer. Algumas causas podem ser apontadas. Privilegiou-se a mídia e não o público. A produção midiática do evento preferiu garantir uma barraca de produção de televisão no meio da plateia, tirando ao menos 40 graus do arco da visão central do palco (e que conseguiria distribuir melhor espacialmente o público). Quem via sentado no sofá contava com ângulos de mais de 100 câmeras espalhadas em terra, palco, gruas e a tal barraca central. Quem via da plateia deveria se contentar com o seu ângulo lateral, disputado quase que a tapa, ou ver pelos telões instalados.

Tom Morello - foto divulgação

Tom Morello - foto divulgação

O pior é que nem pelo próprio telão pude ter uma visão completa do evento. Fiquei sabendo, um dia depois, que Tom Morello havia tocado “Wake up” vestindo um boné do MST. Isso teria me deixado muito satisfeito, mas as câmeras do SWU cercearam essa imagem sem nenhuma explicação plausível. Eu tenho uma desconfiança: O produtor do evento, Eduardo Fischer, é um mega publicitário brasileiro e sua agência atende nada mais, nada menos, que a Monsanto, a maior fabricante de sementes transgênicas no mundo (e a principal inimiga de movimentos sociais que lutam pela liberdade genética das sementes e da vida, como o MST). Minha namorada questionou se não era muito “teoria da conspiração” da minha cabeça pensar que o SWU teria excluído essa imagem de forma arbitrária e sistemática, pois era muito difícil que naquela hora houvesse um editor que pudesse dar tal ordem. Esse argumento é muito bom e é igualmente possível que possa ter havido uma série de coincidências que permitisse aquele fato, ao invés de uma “ação politicamente orientada”. Mas será que não poderia haver também a possibilidade de alguém da produção ter a informação de que Tom Morello tomaria essa atitude e a ordem fosse dada a equipe da central de TV antes? Fica a dúvida difícil de provar.

O fato é que a rede Globo, emissora que estava transmitindo com exclusividade o SWU, cortou sua transmissão numa certa altura do show com a alegação de que o caos que se instalou durante o show não permitiu a emissora continuar com os trabalhos. Ao mesmo tempo, as imagens de telão não reproduziram, ou não deram atenção, ao fato de que Tom Morello vestia o boné do maior movimento social do Brasil e da América Latina. São muitas coincidências.

É uma pena, Rage Against the Machine, na minha opinião, fez um dos mais importantes  shows para o público brasileiro no lugar errado. Para mim, fica a sensação de indignação com o festival e a vontade de que um dia eles voltem para o Brasil. Eu já comecei a campanha, Rage Against the Machine no Brasil e no Fórum Social Mundial 2013, para que meu coito, e de milhares de outros que se indignaram como eu, não seja novamente interrompido.

Valeu o espetáculo

Mesmo não tendo sido o melhor show que ele poderia ser, a performance do Rage, e o espetáculo em si, foram muito bons. Vale lembrar o memorável hino da internacional socialista para abrir a música “Freedom” e as mensagens de apoio ao MST pronunciadas por Zack na abertura de “People of the sun”. Reza a lenda também que o MST recebeu parte do cachê daquele show. Se foi, tá ótimo! 🙂

Contradição nada sustentável

Gostaria de recomendar outro texto para sua leitura que expressa bem a contradição em se utilizar a imagem da sustentabilidade como ferramenta de marketing. O texto da Silvia Dias da revista sustentabilidade intitulado  “SWU expõe as contradições de quem vê sustentabilidade como oportunidade de marketing” expressa quase todas as minhas opiniões sobre o “festival sustentável” de Itu. Só anexaria a essa discussão, puxada pela Silvia, a questão de que é impossível se ter qualquer ação que preze pela sustentabilidade, que tenha como pano de fundo o incentivo ao consumo. Para quem esteve na arena Maeda neste dias perceberá que era exatamente isso que os patrocinadores do evento pregavam. Não é a toa que o evento todo produziu 30 toneladas de lixo, sendo 12 toneladas só de latinhas. Se boa parte desse material será reciclado, ótimo, mas a verdade é que não basta reciclarmos sem pensarmos em modificar nossos hábitos de consumo. Se produzirmos mais lixo do que conseguirmos reciclar, o mundo continuará a ser emporcalhado pela ação humana. Numa sociedade capitalista a conotação da palavra “desenvolvimento” é totalmente antagônica a palavra “sustentável”.

Um ótimo festival de música

Mesmo com os vários erros de organização, o festival SWU se mostrou um ótimo festival de música. Tirada a hipocrisia do blá blá da sustentabilidade, que na verdade foi usada como mera ferramenta de marketing, o festival foi um bom festival e com ótimas atrações. A pontualidade da programação foi o principal ponto positivo do evento, o que não é fácil se encontrar para um festival deste tamanho. As atrações escolhidas também foram muito boas, faltou o pessoal da programação acertar o diálogo entre os vários estilos, o que parece que vai acontecer na segunda edição com os dias temáticos. Contudo, mesmo admitindo que existiu algo de bom neste festival, dificilmente estarei na sua segunda edição por uma questão de princípios. Saber que o tal Eduardo Fischer é publicitário da Monsanto, e este mesmo defender a causa da “sustentabilidade”, deu-me um asco difícil de segurar. Mas a gente também é tão contraditório que é difícil afirmar que seria impossível não estar no festival, ainda mais com a possibilidade de ver Alice in Chains. A verdade é que se formos pensar a fundo, quase nada de nossa ação diária conseguiria se concretizar sem topar com “Eduardo Fischers” e outros barões que colaboram pra ideologização do consumo pelo consumo. Resta-nos ter estratégia para combatê-los e saber muito bem com quem estamos lidando, desmistificar a aparência para perceber a essência, e isso só se faz indo fundo no sistema. Em outras palavras, lembrando novamente Rage Against the Machine, KNOW YOUR ENEMY!

Veja impressões sobre o SWU em outras matérias

Regina Spektor e Dave Matthews Band se destacam no tranquilo segundo dia de shows no SWU – por Christina Fuscaldo;

SWU: uma sucessão de erros e acertos na primeira edição do festival – por Carol Tavares;

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