Dia de sábado, fiquei sabendo que os amigos de Paranaguá da associação Mandicuera estavam em Curitiba para um fim de semana de apresentações de seu novo espetáculo: a Orquestra Rabecônica do Brasil. O espetáculo leva o nome desse nova experimentação de orquestra que é composta de instrumentos de arco variados, viola fandangueira, percussão e voz.
Tudo é apresentado no formato de musical e cada execução é o tema para uma cena do cotidiano caiçara: a procissão do divino, o boi de mamão, o baile de fandango para encontrar um “bom marido”. Aorélio Domingues, diretor do espetáculo, teve o cuidado de contar essas história sem criar caricaturas estereotipadas. Tudo fluí de modo muito natural sem que seja preciso forçar situações. Realmente muito interessante a forma como tudo foi montado. Além dos personagens no palco, também são usados recursos audiovisuais que projetam imagens ligados ao contexto de cada cena.
Esse refinamento estético a que os companheiros da Casa Mandicuera não é surpresa. Graças a atuação deles como insistentes defensores da cultura popular, e com alguns apoios governamentais, eles puderam experimentar. São caiçaras que passaram a contar sua própria história. Acredito que se qualquer grande produtor, que não fossem os próprios caiçaras, tentasse montar o mesmo espetáculo, com certeza não sairia com a mesma qualidade. Só quem vive cercado daqueles elementos que fazem parte da identidade caiçara é que poderia resignificá-los sem ser pedante.
Parabéns a todos os envolvidos, em especial aos amigos da Casa Mandicuera, pelo lindo espetáculo. Recomendo a todos e todas para assistirem a Orquestra Rabecônica no Festival de Curitiba.