Capítulo 1 – A fusão extereogenica

Essa narrativa não é mais um conto piegas sobre um mundo perdido que todos gostariam de estar e que vibram com os acontecimentos inseridos no texto, assim como um jogo de RPG. Essa é uma história real, escrita por uma pessoa real, eu.
Não lembro direito onde ela começa, por isso, caro leitor, não se preocupe se alguns trechos estiverem perdidos, é você quem vai contar o resto da trajetória, afinal, estarei te oferecendo insumos suficientes para tal.
Acordei naquele domingo por volta das 9h20 da manhã, ou seria 10h20, bom, o horário de verão me deixa um pouco confuso mesmo. Enfim, acordei naquele domingo com minha dor de cabeça original, mesmo não tendo encontrado a boemia do dia anterior, e caminhei até meu computador onde comecei a ver as primeiras notícias do dia. As notícias não importam, afinal, elas são sempre iguais, não sei porque ainda insisto em lê-las, só gostaria de saber com quem meu time iria jogar naquele dia, afinal, gosto de futebol e meu vocabulário não é tão extenso por isso gosto tanto do esporte. Esporte faz a gente vibrar, cria um sentido para vida para alguns. As guerras campais sempre foram um motivo para entusiasmar aqueles que não gostam de simplesmente viver. Viver por viver, se você quiser simplesmente ficar sentado numa poltrona tomando qualquer tipo de bebida alcoólica e fumando qualquer tipo de capim que lhe aparecer, você gosta de guerrear. Pode não ser um sádico nem um assassino, mas você gosta de guerrear. A guerra sem objetivo ressalta o lado mais nobre do caráter humano, o egoísmo. Por que nobre? Você já viu alguém ser recompensado por acreditar em algo maior que você mesmo? Se sim, essas pessoas são poucas e são falhas do sistema padrão.
Bom, continuando a história, caro leitor, se você não quer ler essas abobrinhas, vá direto ao último capítulo, pois até meus amigos me disseram que sou um péssimo contador de histórias e que não sou objetivo no que falo ou escrevo. Objetivo, nada mais é que um ponto onde se quer chegar, como não espero chegar a lugar algum, apenas quero contar uma história, vou contar tudo, sem cortes ou discursos alternativos. Creio que você irá se divertir com as ações paralelas, afinal quem garante que já não estou contando um outro causo nesse momento?
Continuando a história, mais uma vez, agora não vou me desviar. Acordei naquele dia e também vi alguns filmes pornográficos. A hora em que somos realmente selvagens, exprime o desejo de voltarmos no tempo e sermos os verdadeiros machos dominadores que capazes de controlar tudo. Como não podemos fazer isso, fazemos sexo, o momento em que não há ilusão, é o órgão sexual penetrando no corpo de outro ser, mostrando todo o poderio humano. Como se adiantasse alguma coisa, a libertação é temporária e voltamos à estaca zero, ou melhor, à estaca zero, mas um pouco mais satisfeitos. Quer dizer, até a próxima excitação só, pois aí o comportamento dominador se sobressai e passa a controlar-nos para que possamos controlar. Engraçado isso, não é. Hoje assisto mais filmes pornográficos, afinal, faz três meses que Clariana me deixou, mas a história da Clariana eu conto depois. Agora vamos voltar ao domingo.
O domingo estava ensolarado e eu fiquei trancado em casa até as 14h00, terminando alguns trabalhos que iriam me render algum dinheiro. Merda, dinheiro e sexo, tudo no mesmo balaio, estaria feito o bosque. Elevado a um nível superior seríamos anjos, mas o bosque fica pra depois. Até darei uma receita de como criar seu próprio bosque em casa. O que é o bosque? Ainda não sei, vou descobrir enquanto conto a história. Você pode me ajudar se quiser, se prestar bem atenção você vai saber como.
Saí por volta das 14h20 para almoçar, e fui até o bosque que ficava a uns 7 km da minha casa. Eles têm uma comida muito cara lá, mas o que vale é estar no bosque, afinal todos vão lá, porque eu não iria? Ah! Esqueci que você ainda não sabe o que é o bosque. Eu também não, apenas quis chamá-lo de bosque.

Comi o suficiente para me satisfazer, ando sem apetite ultimamente, talvez sejam as malditas aerolinhas que andei tomando nos últimos dias. Belas aeromoças eu vi, não comi ninguém. Comer é um ato não subjetivo. O que é comer? Ingerir certa quantidade de insumos para te manter em pé. Minha vovó já dizia, saco vazio não para em pé. Talvez sejamos sacos no bosque esperando aerolinhas. Boa teoria, mas ainda não entendi o que é o bosque. Devemos parar a história por causa disso? Acho que não. Se você não quiser ler é problema seu. Eu vou escrever e se vai vender não sei. Credo, vender? Quando comecei a escrever isso meu desejo era meramente intuitivo, agora ele tem um motivo. Fui dominado. Meu Deus! Espere, vou fugir desse sentimento insólito. A próxima aerolinha chegou, voltemos ao bosque.
Foi quando decidi ligar para meu amigo Diego. Ele estava esperando pela aerolinha com destino a Sirenobaya. É um lugar muito bonito, mas perigoso. Pessoas morreram lá, alguns por descuido, outros por mera especulação. Essas são outras histórias que posso contar, mas só depois que terminar essa. Diego me convidou para ir até ele e tomar com ele a última aerolinha para Sirenobaya. Como não conhecia o lugar, minto, conhecia de longe, pois outrora estara em Sirenoyubi, vizinha de Sirenobaya, resolvi ir com ele. Tomei um táxi até o ponto de encontro de onde partimos para o ponto da aerolinha. Quase morri, o táxi estava andando em uma velocidade não segura para transmutações de pontos em aerolinhas, mas o motorista assegurou que ele já conhecia o trajeto e, por isso, eu poderia confiá-lo. Mesmo com essas palavras, continuei com muito medo. Outrora havia pego um táxi desses em Alacayto e, por um mínimo descuido, acabamos colidindo em um veículo imperial.

Vou encurtar a história por que se não vou escrever um livro muito extenso. Se já chegou até essa página acho que você consegue ler mais alguns capítulos. É claro que estou assumindo que a maioria das pessoas desistem de um livro na primeira página. Então, já no ponto da aerolinha, estávamos ansiosos pela sua chegada. Agora já são mais dois esperando. Diego, com sua vasta experiência, foi o primeiro a embarcar. Como eu tinha outros compromissos, esperei a avaliação de quanto tempo demoraria a voltar de Sirenobaya. Enquanto pensava, a aerolinha partiu e Diego avisou-me pela janela:

-Pegue o táxi e vá até o ponto cinqüenta e um. Se for rápido, você ainda consegue tomar essa aerolinha para Sirenobaya.

Peguei o táxi pedi para que fosse o mais rápido possível. Odeio transmutações, mas era por uma boa causa, nesse momento já estava decidido a ir até Sirenobaya.

Consegui chegar a tempo, o ponto não era tão distante do destino, mas só com a aerolinha conseguiríamos chegar lá. Embarquei no veículo e demorei a encontrar um lugar para me sentar, em domingos de sol esses tipos de viajem são muito cobiçadas. Coloquei-me bem a janela, gosto de ver a paisagem passando frente a meus olhos. Foi nessa hora que o desespero me tomou conta por alguns segundos, a visão muda a forma, tudo começa a passar mais rápido, medo, angústia e tristeza se misturam. Em seguida, a tranqüilidade toma conta do ser e consegui perceber que era apenas uma quebra de estado inicial. Sair da inércia, caminhar pelo bosque, agora flashes amarelos passaram a dominar toda a nossa visão, a velocidade começa a diminuir, estamos chegando a Sirenobaya.

Desembarcamos e esquecemos o que tínhamos deixado há alguns segundos atrás, apenas vejo Sirenobaya, um lugar realmente lindo. A grama verde, pessoas conversando sobre qualquer coisa, qualquer pessoa. A criação tem dessas coisas, primeiro se vê o que ninguém consegue ver e alguns se desprendem para que haja a inversão para o mundo dos homens. Homens, será que é isso que somos? Fantoches que buscam um sentido para vida, um sentido que pode não vir. Pode-se viver sem um sentido para vida? Em Sirenobaya creio que sim, fale sobre qualquer coisa, esse será seu sentido, não necessariamente você será um homem, mas fale, pelo menos terá um sentido.

Sentei-me sobre a relva e fiquei a observar. Luminárias amarelas indicando um ponto para Alacayto. Sobre esse lugar falarei mais tarde, mas agora posso adiantar que é o lugar mais perigoso que já estive. Lá as pessoas se enganam e a maldade é pertinente, pois ninguém é malvado. Difícil de entender? Já chega, depois você irá descobrir.
Para minha surpresa, Diego, que estava a meu lado, avisou-me que ali, onde estávamos sentados, também era um ponto para a aerolinha com destino Marycaka. Ele me perguntou se eu gostaria de ir até lá. Como quase todas as vezes que havia ido até Marycaka apreciei a cidade, decidi por aceitar o convite. Ainda bem que tenho isenção para viajar em aerolinhas. Isso porque sou uma boa companhia, para tudo que se faça. Quem me conhece, aprecia fazer a maioria das coisas comigo. Em busca de um outro mundo, no qual pudesse fazer aquilo que bem entendesse, ganhei essa personalidade de presente. Não sei em que ponto surgiu esse meu jeito de ser. Acredito que tenha sido numa aerolinha qualquer, vivendo de mundo em mundo. Talvez tenha sido herança de família, meu pai sempre foi uma pessoa muito divertida. Minha mãe, que tanto amo, gostaria de ver seu filho em uma faculdade, seguindo o que o mundo lhe oferece, realizei seu sonho mãe. Um beijo para você.
A aerolinha teve dificuldade para estacionar no píer. Diego segurou-a pelas cordas de amarra, com a ajuda de uma outra pessoa que estava a esperar o veículo. O motorista agradeceu a ajuda e finalizou o processo de aporte. Embarcamos em mais ou menos quatro pessoas. Pessoas?! Odeio esse termo, diria passageiros. Novamente me sentei à janela. Esse veículo não desenvolve tanta velocidade, como o anterior, mas de vez em quando gosto de ver tudo que passa frente a meus olhos. Já falei essa frase, não? Talvez com outra conotação. Não se preocupe se às vezes isso acontecer, faz parte da alegria de viver.
Chegando a Marycaka comecei a analisar as pessoas que estavam lá aquele dia. Não era a Marycaka que havia visitado na quinta-feira, será que houve uma guerra ela foi dominada? Isso ocorre entre os mundos conforme eles evoluem. Os homens adoram guerras. Nada disso acontecera, na verdade estava na região mais perigosa de Marycaka. Há alguns anos um abalo energético formou uma única extereógene. Marycaka também teve um pedaço seu envolto dessa nova composição. Diego não havia me avisado de que aquela aerolinha levava a Marycaka nova. Ah! Caro leitor, todas as extereógenes que participam dessa composição serão denominadas de novas. Novas porque elas não fazem parte de uma extereógene singular, na verdade a origem da extereógene é mantida, só que nesse ponto se formam túneis que interligam todas as extereógenes numa só.

Fiquei com muito medo, somente aqueles que têm forte domínio sobre o caminhar conseguem andar sobre esse tipo de região. Eu, infelizmente, ainda não atingi esse nível, por isso, Marycaka nova, para mim apresentada poucas vezes, causava-me muito medo. Até porque não havia nenhum tutor comigo. Da Maia, meu tutor original, havia tido outro compromisso que o impediu de viajar conosco. Vários fatos tentavam me iludir e levar a atravessar as barreiras psíquicas a mim induzidas. Falava a mim mesmo: “se você não demonstrar que está com medo, não haverá problema algum”. Contudo, essa técnica não funcionava e eu ficava com mais medo ainda. Medo, o que é medo para você? É algo que sua mente cria para te deixar alerta ao perigo imediato, é um simples sistema de defesa. Nós como seres racionais, como todos dizem, deveríamos ter controle sobre esse instrumento tão primitivo, mas, infelizmente, eu não tenho. Isso me torna mais fraco? Não, mais forte, só os que possuem esse sentimento podem rompê-lo.

O medo já virava pânico, os guetos daquela região começavam a articular um combate. Percebia-se que os guerreiros tomavam suas posições para o inicio imediato da batalha. A sensação era horrível, porém olhava o rosto de Diego e ele parecia sereno frente à situação. Ele já havia lutado na última guerra de libertação, conheceu quase todas as extereógenes, enfim, era um veterano e muito admirado por seu povo, não cabia o medo em seu peito.
Estar ao lado de um grande guerreiro não me tranqüilizou, nessas guerras não existem defensores ou protegidos. Cada um tem uma responsabilidade a cumprir, mesmo que ela seja a própria morte. Isso é caracterizado pela singularidade do ato de pensar. As pessoas são diferentes. Se eu executasse exatamente os mesmos passos da vida de Diego, mesmo assim não seria um grande guerreiro. Com certeza estaria em outra direção em busca do meu próprio bosque.
A batalha estava preste a começar. Não me pergunte o motivo, tente descobri-lo pelo que te contei. O agito era total, o sol ainda estava forte e o tempo não acompanhava sua velocidade. Foi quando surgiu um som que atravessava toda Marycaka, tinha características de um hino, todos pararam e ficaram a ouvir. Isso acalmou os passageiros naquele momento. O meu pânico agora é transformado em intenso prazer que me faz flutuar e observar todos do alto. Ainda vejo a depravação e o asco de Marycaka nova, mas aquele momento ela ficara mais limpa que de costume.

Ao recuperar-me do acontecimento, avisei Diego para que voltássemos, não queria ficar até o anoitecer naquele lugar. Então ele sugeriu para que fossemos esperar seus amigos, que por sinal também foram líderes de brigada no passado e que estavam dispostos a entrar na luta de minutos atrás, no ponto da aerolinha para Alacayto. O ponto era logo em frente, e por isso não tivemos que caminhar muito. A principal característica das extereógenes novas é que todos as aerolinhas passam por ali.

Diego perguntou-me se queria ir até Alacayto, mas o dia já estava sendo ruim por estar naquele lugar. Não queria correr o risco de ir até aquela extereógene. Por isso, resolvi voltar sozinho. Antes disso, Roger, um dos amigos de Diego, perguntou-me se queria ir até Eletra com ele. Neguei a oferta e continuei meu caminha de volta ao bosque. Agora tomado por uma relva branca e calma, finalmente havia deixado aquele lugar que me causava tanto medo.
Esse dia realmente era para viajar. Mas tive medo. Ainda não estou preparado para andar livremente sobre as extereógenes. Desejei boa viajem aos que ficaram. Um dia quem sabe, possa ter o controle sobre mim mesmo e andar sobre o fluxo. Enquanto esse dia não acontece, prefiro não arriscar.

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