Tucumán, 15 de julho de 2006.

Depois de uma noite exaustiva, chegamos a Tucumán. Ontem saímos de Córdoba e fomos até Jesus Maria onde encontramos um posto da YPF no qual paravam muitos veículos. Esperamos pouco para conseguir as caronas e o mais incrível que elas foram conseguidas a noite (coisa meio impossível que aconteça no Brasil por exemplo).

Guti foi o primeiro a embarcar, por uma questao de contingência, nao de opçao. Um senhor que viajava com sua mulher viu nossa placa indicando Salta como destino e nos ofereceu a carona. Contudo, como só eu e Guti estávamos no posto no momento, decidimos que um ficaria com as mochilas e um iria aproveitar a oportunidade. Santiago del Estero foi seu destino.
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A nossa carona nao demorou muito também. Mais ou menos às 23h30 o senhor Mariano ofereceu nos trazer até aqui, um senhor de poucas palavras, e as poucas que dizia eram incompreensíveis. Mariano nos levou (os 4 restantes) na caçamba de seu caminhao, oito horas por la ruta 137. Tirando buracos e balanços inconvenientes ao nosso sono, foi uma viagem tranquila e finalmente pude compreender o significado da palavra coche-cama.. 😛

Percorremos até agora 1200km só em caronas pela Argentina. Isso me faz refletir a relaçao do homem com o caminhar sobre o planeta Terra. No mundo moderno sao impostas inúmeras barreiras para que as pessoas se locomovam, desde preços de transporte até limites fronteiriços restritivos, criados a partir da lógica proibitiva como uma forma de moldar a sociedade para que ela faça tudo como lhe é dito sem nenhum tipo de contestaçao. Um exemplo sao as proibiçoes por parte das empresas de transporte impoem a seus motoristas para que nao dêem carona. Isso é acreditar que somos incapazes de gerir nossas próprias relaçoes pessoais e transferir essa responsabilidade a uma instituiçao maior que na verdade nao corresponde ao anseio coletivo, se nao somente a uma regulaçao mercadológica. Esse teatro todo, é auxiliado pelas mídias massificantes que ditam a todos que viver é perigoso, e que relacionar-se com outras pessoas, seja no momento em que for (a carona é uma em um milhao) é altamente perigoso e deve ser friamente calculado.

Cabe a nós quebrarmos esse paradigma e dar um voto de confiaça a nós mesmos, a nossos coraçoes. Abstrair parte deste mundo que construíram para nós e passarmos de coadjuvantes a atores de nossa própria história. Tao e somente assim posso acreditar que uma nova onde história pode surgir e que finalmente possamos criar novos meios de as pessoas se relacionarem-se com a Terra e consigo mesmos de maneira menos materialista e mais pessoal.

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